A Academia Nacional de Medicina (ANM) se uniu às celebrações dos 90 anos da Escola Paulista de Medicina (EPM) na última quinta-feira (04). Com uma programação repleta de ex-alunos, o Simpósio contou com a participação do Diretor da EPM, Professor Magnus R. Dias da Silva, e também foca no futuro da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Rumo aos 100. Essa Sessão foi organizada pelos Acadêmicos Rubens Belfort e Rui Maciel.
O Acad. Rubens Belfort tem uma história muito próxima com a EPM, e também com a ANM. Foi Presidente do Biênio 2020-2021 e ex-aluno da universidade, com o Acad. Rui Maciel como seu colega de turma. Na sua apresentação, A ANM e a EPM na minha Vida, ele pontua a razão do seu ingresso como Membro Titular, o intuito de desenvolver uma vida cultural maior, e o apoio do Acadêmico Rinaldo de Lamare. O Acadêmico cita as principais características da ANM, ressaltando a valorização do idoso.
Apresentando as características peculiares da EPM com o tema Características da EPM em sua Posição Peculiar na Medicina Brasileira: Perfil do Acad. Nestor Schor, Fruto da EPM, o Acadêmico Rui Maciel compartilhou os caminhos da fundação da Escola e a pesquisa acadêmica. A EPM surge na fase de crescimento econômico de São Paulo, impulsionado pelos lucros do café e o trabalho de imigrantes. Além disso, vive-se o momento da “moderna medicina”, com o surgimento de lideranças científicas nos Estados Unidos e investimentos em saúde. A criação da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, da Biblioteca Regional de Medicina e dos cursos de biomedicina na faculdade e Pós-Graduação no Brasil foram de suma importância para a evolução da atividade acadêmica na EPM. Ao mencionar o Acad. Nestor Schor, Acad. Rui Maciel descreve seus atributos que o destacavam, como pessoa e nefrologista.
Homenageando o Acadêmico Oswaldo Luiz Ramos, o Acad. José Medina Pestana apresentou a relação entre O Hospital do Rim e a Visão do Acad. Oswaldo Luiz Ramos. Ocupante da Cadeira Nº 12 da Secção de Medicina, Acad. Oswaldo Ramos é conhecido pelo seu pioneirismo. Foi fundador da Sociedade Brasileira de Nefrologia, precursor do modelo de Residência Médica como treinamento médico, no desenvolvimento de pós-graduação e na formação de staff no exterior. O Acad. Medina aborda a inauguração do Hospital do Rim e as expectativas do Acad. Oswaldo, incluindo uma assistência médica em larga escala, ensino para alunos e residentes da EPM, internacionalização, inovação, pesquisa e atividades de extensão. “Eu entendo que o legado imaginado pelo Prof. Oswaldo Luiz Ramos foi alcançado e ele está perpetuando”, finalizou o Acadêmico.
O Acadêmico José Gomes do Amaral teve a missão de contar A Evolução de uma Especialidade Médica na EPM. Ele fez isso abordando a linha do tempo da fundação da EPM, até o momento que as especialidades começaram a ser pensadas, nos anos 40. Dr. Caio Pinheiro foi essencial para a criação do Serviço de Anestesia do Hospital São Paulo, com a participação dos alunos, ele é considerado um “homem à frente do seu tempo”. Esse foi o pontapé inicial para a constituição de outras especialidades no curso.
“Mudou minha vida, porque eu não seria quem eu sou hoje sem a escola”, conta a Acadêmica Mônica Gadelha durante a abertura da sua apresentação. O tema foi Opioides e Hipogonadismo, mas antes, ela contou a sua história com a EPM para cursar o seu mestrado. Aluna da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ela não se assustou ao se mudar para São Paulo para se aprofundar na neuroendocrinologia. Ao falar da aula proposta para o Simpósio, a Acadêmica explicou os efeitos do opióides no ser humano, explicando o vício e como tratá-lo. Além da atuação dele na hipófise.
O Diretor da EPM, Magnus R. Dias da Silva, realizou a última palestra do Simpósio e focou no Compromisso com o Futuro. “A presença de uma Academia de notáveis reconhecendo a importância de uma outra academia, a universitária, ressalta, portanto, o valor da nossa trajetória, aqui tão bem descrita pelos demais Acadêmicos hoje”, agradeceu o professor. Ele menciona as principais realizações da Escola nos últimos anos e reafirma os “projetos pedagógicos que formam profissionais críticos, tecnicamente habilitados, enfrentando diuturnamente o negacionismo científico, o racismo estrutural, a pobreza e a desigualdade social”, como os pilares da universidade. Ele menciona as expectativas para o futuro, citando a necessidade de resiliência para entender a sociedade contemporânea.
Além de apresentações sobre a EPM, os Acadêmicos presentes abordaram questões médicas importantes. Entre elas, uma Atualização no Tratamento da Hepatite C, com o Acad. Carlos Eduardo Brandão palestrando. Ele apresenta a linha do tempo da identificação da Hepatite C e os pesquisadores que realizaram tal feito, ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina em 2020. Considerada “uma epidemia silenciosa”, a doença é a causa de um terço dos casos de cirrose hepática e um quarto do carcinoma hepatocelular, com taxa de mais de 80% de mortalidade. Além disso, ele mostrou como é a atuação no ensino médico, com cursos de pós-graduação, pesquisas e mestrado.
O Acadêmico Jair de Castro abriu a apresentação ressaltando a importância do Simpósio para a comunidade médica carioca e paulista, celebrando a fundação da EPM. Além de mencionar o seu período como aluno de pós-graduação da universidade. Dito isso, ele apresentou o tema O Impacto da Surdez na Qualidade de Vida, Cognição e Opções de Tratamento, uma doença crônica que afeta mais de 500 milhões de pessoas no mundo. A surdez tem maior prevalência em homens, independentemente da faixa etária, e também em pessoas brancas. Entre os principais impactos, o Acadêmico cita o declínio cognitivo, associado ao risco maior de demência, e a dificuldade de comunicação e acesso à informação. Ele finaliza explicando como é feito o diagnóstico e os tratamentos, ressaltando a relutância que muitos pacientes possuem em buscar atendimento.
Debatendo a preocupação sobre a Inteligência Artificial (IA), o Acadêmico Paulo Niemeyer abordou o assunto do momento na palestra O Labirinto do Cérebro. Ele inicia com o pensamento humanista sobre a evolução humana e o pensamento. “Restou, então, o nosso cérebro para nos orgulhar. Dito como uma obra prima da natureza, um computador inigualável, órgão indecifrável, subutilizado em suas capacidades”, conta o Acadêmico. Em sua apresentação, ele compara o órgão com a inteligência artificial e questiona se o homem será superado pela máquina.
Ainda no âmbito de novas tecnologias, o Acadêmico Samir Rasslan abordou como elas impactaram em diferentes áreas, mas principalmente na cirurgia, com o tema O Impacto das Novas Tecnologias na Cirurgia. Ele apresenta as mudanças na residência médica, os avanços terapêuticos e questiona o uso desses novos métodos para a medicina, desde o uso inadequado aos recursos disponíveis. Ele também mostra os perigos que podem surgir durante o tratamento.
Com um tema que ainda está muito em alta, a Acadêmica Margareth Dalcolmo apresentou as Perspectivas de Tratamento da Tuberculose. Os fármacos citados estão disponíveis para tratamento e atuam de diferentes formas. A Acadêmica explicou como eles funcionam e por que são revolucionários no tratamento da tuberculose. Ela aborda os estudos realizados nos pacientes para entender os efeitos do mesmo e como é a incorporação dos fármacos no Brasil.
Os Acadêmicos presentes puderam expressar as suas palavras de apoio à EPM durante dos comentários e debater os temas das palestras. Para assistir o Simpósio na íntegra, clique aqui e aqui.