O Curso de Atualização da ANM, no dia 05 de novembro, através da aula do Acadêmico José de Jesus Camargo, discutiu questões da relação médico-paciente. Em tom de conversa, contando casos que ilustram aspectos louváveis, e outros nem tanto, do relacionamento entre o profissional da área médica e o doente em nossos tempos, o palestrante encantou os alunos com sua prosa fácil e inteligente. O Acadêmico José de Jesus Camargo afirmou, também, que as consultas por planos de saúde, a rapidez com que os médicos querem terminar os atendimentos e o excesso de tecnologia em detrimento da anamnese e exame físico são alguns dos fatores que estão contribuindo para a deterioração da relação médico-paciente.
“Médico tem que gostar de gente”, disse o Acadêmico José de Jesus Camargo, sendo este, provavelmente, o maior ensinamento da aula. A relação médico-paciente é definida por complexas interações psicossociais entre eles e as principais virtudes dos médicos, neste cenário, são a empatia e a capacidade de se colocar no lugar do outro: “médicos devem ouvir verdadeiramente o que os pacientes pensam acerca do que está acontecendo. E não subestimar os que se sentem ameaçados ou vulneráveis. Ouvir, tentar se colocar no lugar do outro, é muito importante. Entre dois médicos qualificados, o paciente sempre vai optar por aquele com um olhar mais humano”. Na sequência, passou a apresentar algumas histórias por ele vividas:
Durante toda a aula, com extrema vivacidade, o Acadêmico José de Jesus Camargo se preocupou em mostrar, através de muitas histórias, situações práticas que resumem a importância de atitudes mais humanas por parte dos médicos e como estas se refletem no estabelecimento de uma boa relação com seus pacientes. Ambroise Paré, um cirurgião francês do século XVI, certa vez, afirmou: “curar ocasionalmente, aliviar frequentemente e consolar sempre”. Com experiência e brilhantismo, o Acadêmico Camargo transmitiu a relevância que os médicos devem dar a esta frase, ontem, hoje e sempre.
O Acadêmico José de Jesus Peixoto Camargo é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), possui residência em Cirurgia Torácica pela UFRGS e pela Clínica Mayo (EUA). É Mestre e Doutor em Ciências Pneumológicas pela UFRGS. Foi pioneiro em transplantes de pulmão na América Latina, sendo responsável por cerca de 67% dos transplantes de pulmão realizados no Brasil. Atualmente, é Diretor do Centro de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre. É escritor, colunista do Jornal Zero Hora e autor dos livros de crônicas “A tristeza pode esperar”, “Não pensem por mim” e “Do que você precisa para ser feliz?”.