Acadêmico Daniel Tabak esclarece como o consumo de álcool aumenta o risco de câncer

16/01/2025

A relação entre o consumo de álcool e o risco de câncer não é uma novidade. Porém um novo relatório, divulgado recentemente pela principal autoridade dos Estados Unidos, trouxe um impacto significativo ao conhecimento existente. Foi destacada a relação direta entre o consumo de álcool e o risco de desenvolvimento de pelo menos sete tipos de câncer. Para esclarecer as novas descobertas e suas implicações, o Professor Daniel Tabak, médico oncologista membro da Academia Nacional de Medicina, esclarece algumas informações.

Segundo ele, “não existe um nível seguro para o consumo de álcool no que se refere ao câncer”, dado que resultou na recomendação de evitar o álcool em diretrizes de prevenção à doença. Tabak destaca também que a substância é a terceira maior causa evitável de câncer, atrás apenas do tabaco e da obesidade.

Impacto do álcool nos casos de câncer

Em 2019, o câncer de mama foi o tipo mais afetado pelo consumo de álcool entre mulheres nos Estados Unidos, resultando em cerca de 44 mil casos. Globalmente, as mortes relacionadas a tal consumo superam até mesmo os óbitos por acidentes de trânsito também associados à substância.

Estudos indicam que, em 2020, mais de 740 mil casos de câncer no mundo foram ligados ao consumo de álcool, sendo que 185 mil desses casos estavam associados ao consumo de até duas doses diárias.

Como o álcool causa câncer?

As evidências científicas mostram que o álcool aumenta o risco de câncer em pelo menos sete tipos: mama, colorretal, esôfago, fígado, boca, faringe e laringe. “O álcool se decompõe em acetaldeído no corpo, que danifica o DNA e pode gerar o câncer”, explica o especialista. Além disso, gera espécies reativas de oxigênio que danificam células e provoca inflamações no corpo.

Outro mecanismo é a alteração hormonal, que eleva os níveis de estrogênio, aumentando o risco de câncer de mama em mulheres.

Desinformação e consumo cultural

Apesar das evidências, há uma falta significativa de conscientização sobre os riscos do álcool. Apenas 45% dos americanos reconhecem este como um fator de risco para o câncer. “É preciso alertar a população e mudar a percepção cultural em torno do álcool, que ainda é visto como essencial para a socialização“, enfatiza o Acadêmico.

Além da desinformação, as campanhas de marketing da indústria alcoólica minimizam os perigos, o que acaba por dificultar a conscientização. “O marketing agressivo promove o álcool como algo positivo, ofuscando seus riscos reais”, conclui.

A importância da redução do consumo

Reduzir ou cessar o consumo de álcool é uma estratégia eficaz para diminuir o risco de câncer. “A interrupção do consumo está associada a um menor risco de cânceres como o de boca e esôfago”, reforça o médico. No entanto, mais pesquisas são necessárias para determinar se a redução do consumo também impacta outros tipos de câncer.

Por fim, Professor Tabak destaca a importância de campanhas consistentes e baseadas em evidências para informar a população sobre os perigos do consumo do álcool. “Precisamos de uma abordagem mais firme e ampla, semelhante às campanhas antitabagistas. Assim, alcançamos um impacto significativo na saúde pública”, finaliza.

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