Tal como ocorreu em 2017, a Academia Nacional de Medicina incluiu em suas atividades uma Sessão extra no dia 12 de dezembro, realizada fora do calendário oficial de suas atividades científicas (tradicionalmente de março a novembro), voltada para a discussão de tratamentos e técnicas localizados na “fronteira” da inovação científica.
Na divulgação da atividade, a instituição ressalto que cada vez mais o foco se desloca do tratamento das doenças para a sua cura, efetivamente. Neste contexto, as terapias focadas no nível genético são potencialmente revolucionárias. Estas inovações estão sendo geradas, em grande parte, no ecossistema de startups de biotecnologia, em geral nascentes em ambientes acadêmicos, e que florescem com os investimentos de capital de grandes empresas e de fundos públicos e privados.
O evento foi iniciado com a apresentação do Dr. Geoff MacKay, Presidente e CEO da AVROBIO, considerada líder em terapias genéticas baseadas em lentivírus. Os trabalhos desenvolvidos pela AVROBIO estão focados no estágio clínico, e a empresa desenvolve terapias disruptivas que têm o potencial de transformar a vida dos pacientes em uma única dose. Em sua palestra, intitulada “The emergence of ex vivo gene therapy”, o Dr. MacKay ressaltou o grande potencial curativo das chamadas terapias ex vivo, destacando que o uso de agentes condicionantes direcionados pode ajudar a ampliar o uso de terapias gênicas ex vivo para uma gama ainda maior de indicações de doenças, como as doenças de Fabry, Gaucher e Pompe.
Na sequência, com palestra intitulada “Translating Genome Editing into Greatly Needed Products”, o Dr. Matthew Kane, Presidente e CEO da Precision Biosciences, abordou plataformas de edição genômica, como a ARCUS. As plataformas de edição de genomas vêm sendo estudadas há mais de 20 anos, sempre mantendo a premissa de resolver problemas críticos enfrentados pela humanidade. Descrevendo os mecanismos da edição de genoma e suas aplicações, destacou que para desenvolver imunoterapias contra o câncer, plataformas como a ARCUS são utilizadas para reprogramar células humanas para se tornarem “máquinas” altamente direcionadas e eliminadoras de câncer.
Ao final das apresentações, o 1º Vice-Presidente, Acad. Antonio Egidio Nardi, que presidiu a Sessão mediante a ausência justificada do Presidente Acad. Jorge Alberto Costa e Silva – que se encontrava em viagem internacional para representar a ANM nos compromissos firmados pelo Núcleo de Relações Institucionais Internacional -, agradeceu aos convidados pelas apresentações e chamou atenção para o caráter altamente inovador das tecnologias apresentadas. Reafirmou, ainda, o compromisso da Academia Nacional de Medicina em se apresentar como uma plataforma catalisadora de novas terapias que possuam o potencial para melhorar significativamente a vida dos pacientes, sempre levando em consideração a bioética e os rigorosos padrões científicos existentes para a implementação de novas tecnologias.