Na noite de 6 de novembro, o anfiteatro Miguel Couto, que já foi cenário de cerimônias memoráveis para a história da medicina nacional, viveu mais um dia de glória. Acadêmicos, docentes e autoridades de todo o país se reuniram em cerimônia solene comemorativa dos 210 anos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fundada em 5 de novembro de 1808. Além da cerimônia na ANM, também foi realizado um show da Orquestra Sinfônica da UFRJ no dia 5 de novembro e o Seminário “Humanidades da Saúde”.
Em Sessão Ordinária no dia 9 de agosto, o Presidente Jorge Alberto Costa e Silva nomeou os Acads. José Galvão-Alves, Antonio Egidio Nardi e Ricardo José Lopes da Cruz para constituir comissão responsável por colaborar com as atividades científico-culturais relativas aos 210 anos da Faculdade de Medicina, fundada com o nome de Escola de Anatomia, Medicina e Cirurgia e instalada no Hospital Militar do Morro do Castelo. Em 1973, foi determinada a transferência da Faculdade de Medicina para o Campus da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, onde se encontra atualmente.
A história de ambas as instituições foi explorada e, em diversos momentos, “costurada” por meio dos emocionados discursos proferidos durante a solenidade, marcando de maneira inequívoca o espírito de celebração da cultura e da ciência nacionais. Somadas, as instituições reúnem quase 400 anos de história, fato que será reconhecido por meio de um programa de colaboração, encabeçado pelos dirigentes das duas instituições, ainda sem data definida de lançamento.
Abrindo os trabalhos da solenidade, o Dr. Jorge Alberto Costa e Silva deu as boas-vindas aos homenageados da noite, falando sobre a enorme alegria e honra por poder presidir esta celebração tão importante não só para a Academia Nacional de Medicina, mas para a ciência brasileira. Em seguida, o Dr. Roberto Medronho, Diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ, fez apresentação que ressaltou a trajetória de excelência e resiliência da instituição. Também chamou atenção para a relação da Faculdade de Medicina com outras instituições irmãs, como a própria Academia Nacional de Medicina e a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Em seguida, apontou alguns momentos históricos para a instituição, como a demolição do prédio da Praia Vermelha, a construção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e as diversas unidades hospitalares associadas à UFRJ, como o Instituto de Neurologia Deolindo Couto, nomeado em homenagem ao ex-Presidente da Academia Nacional de Medicina. Encerrou sua apresentação com frase do célebre Acadêmico Clementino Fraga Filho, falecido em 2016: “A vida de uma instituição depende de muitas vidas que a ela se dedicam”.
Na sequência, o vice-Presidente da ANM e Professor Titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, Dr. Antonio Egídio Nardi, fez conferência na qual destacou a relação entre as duas instituições, afirmando estar “duplamente feliz” pela honra de compor esta solenidade. Ressaltou que a atuação da Faculdade Medicina na formação acadêmica e da Academia Nacional de Medicina na propagação dos valores da medicina brasileira elevam ainda mais o nível de excelência da área médica do país, tornando ainda mais importante que essas duas Casas caminhem juntas. Passou, então, a homenagear aqueles que, dentre os Membros Titulares e Eméritos, integram a Faculdade de Medicina em suas diversas unidades, somando 43 Acadêmicos em sua apresentação, afirmando que a Faculdade de Medicina é “a grande presença universitária em nossa Academia”.
A etapa final da solenidade foi reservada aos discursos dos dirigentes das instituições. O Dr. Roberto Leher, 28º reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, conduzido ao cargo no ano de 2015, agradeceu à Academia Nacional de Medicina pela generosidade em abrigar solenidade tão importante para a UFRJ. Discorreu sobre a importância social do médico na sociedade e sobre a necessidade de constante evolução do ensino médico brasileiro, que possui a marca da excelência em sua tradição. Ressaltou que a fundação da Academia Nacional de Medicina constitui, no Brasil, o campo acadêmico da medicina no país, ressaltando o caráter pioneiro da egrégia instituição. Afirmou que a prática da medicina é democrática per se, uma vez que possui como missão a garantia a “qualquer um que tenha um rosto humano o direito a um bem-viver”. Encerrou seu discurso relembrando que esta importantíssima homenagem à Academia Nacional de Medicina e à Faculdade de Medicina da UFRJ constitui, em última análise, uma homenagem à ciência brasileira.
Coube ao anfitrião da noite, o Presidente da Academia Nacional de Medicina, Acad. Jorge Alberto Costa e Silva, realizar o discurso de encerramento deste momento histórico. Em sua fala, destacou a honra da Academia Nacional de Medicina em hospedar este evento, citando o poeta Victor Hugo: “O espírito enriquece com aquilo que recebe; o coração, com aquilo que dá”, afirmando que os colegas da Universidade Federal do Rio de Janeiro ali presentes “enriqueceram o espírito da ANM com suas palavras e coração com sua presença”. Seguiu discorrendo sobre a importância da educação na formação não só do indivíduo, mas da sociedade de maneira geral, afirmando ser a educação o mais forte vetor de harmonização da humanidade. Encerrou seu discurso ressaltando as constantes transformações pelas quais a Faculdade de Medicina (e a UFRJ) passou ao longo dos anos, destacando também o comprometimento da instituição com os valores basilares da medicina, citando, ao final de sua fala, Hipócrates: “onde houver amor pela arte da medicina, também haverá amor pela humanidade”.
Após a solenidade, Acadêmicos e membros da congregação da UFRJ se reuniram no Salão Nobre da Academia Nacional de Medicina para coquetel de confraternização, encerrando a programação de comemorações dos 210 anos da Faculdade de Medicina.