A Academia Nacional de Medicina consagrou mais uma vez, na última quinta-feira (30), o espírito colaborativo que marca as ações da instituição: realizou, em parceria com o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro o Fórum Internacional de Atualização em Emergência. Com organização dos Acadêmicos Pietro Novellino, Silvano Raia e Rossano Fiorelli e coordenação dos Professores Flávio Sá Ribeiro, Cândice Vasoncellos e Ricardo Farias, o Fórum mobilizou estudantes e profissionais da saúde, que tiveram presença expressiva no tradicional Anfiteatro Miguel Couto.
A idealização do Fórum se deu a partir da necessidade de capacitação e a partir da análise crítica da situação das emergências em todo o estado do Rio de Janeiro, que lida com problemas estruturais crônicos, que envolvem faltas graves de recursos humanos e problemas de infraestrutura. Nesse sentido, o Dr. Sylvio Provenzano, Presidente do CREMERJ, afirmou que ainda que existam adversidades, tais situações não devem impedir que existam iniciativas que mirem a excelência e “acomodar” o sistema de saúde do estado em uma situação que se situe tão longe do ideal.
Após alocução de boas-vindas proferida pelo Acadêmico e ex-Presidente Pietro Novellino, a primeira etapa do Fórum abordou importantes emergências médicas como queimaduras, afogamentos e dor torácica. Nomes consagrados como o do Dr. Carlos Eduardo Lopes Nunes, que abordou “Via Aérea de Difícil Manejo na Emergência” se debruçaram sobre os aspectos críticos da abordagem da medicina de emergência, que abrange o diagnóstico e tratamento de qualquer paciente que necessite cuidados diante de uma situação imprevista que requeira atendimento imediato.
Foram apresentadas técnicas de atendimento inicial adequado, visando limitar a morbidade e a mortalidade nos pacientes e envolvendo o conhecimento e reconhecimento adequados de lesões e doenças agudas, seguidas de imediato tratamento e estabilização. Além deste fato, os apresentadores também abordaram aspectos da conduta médica para estes casos, considerada crítica do ponto de vista emocional, chamando atenção para o fato de que, principalmente devido aos altos níveis de estresse associados ao atendimento emergencial e o grande volume de atendimentos realizados, a atenção com os sinais de esgotamento físico e/ou emocional deve ser redobrada.
Além das diferentes abordagens da medicina de emergência, a conduta do médico também foi assunto pautado pelas diferentes apresentações. Foi abordado em especial o Código de Ética Médica, cuja versão revisada entrou em vigor no ano de 2010. O Código é resultado de dois anos de trabalhos da Comissão Nacional de Revisão do Código de Ética Médica e de diversas entidades envolvidas para preparar um documento consonante com os avanços tecnológicos, dando destaque à autonomia da prática médica e à relação médico-paciente.
Do ponto de vista prático, também foram realizadas palestras como a do Dr. José Alfredo Padilha (Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro), que discorreu sobre a experiência do Rio de Janeiro em Grandes Eventos, destacando que eventos de grande porte demandam a implementação de um sistema multissetorial e interdisciplinar, criando uma rede de atendimento equilibrada e que seja capaz de manter a qualidade dos atendimentos. Foram utilizados como exemplos eventos como o Carnaval e a festa de Réveillon, que movimentam milhares de pessoas todos os anos na cidade do Rio de Janeiro e que contam com uma infraestrutura específica e especializada.
O Simpósio foi finalizado com duas conferências magnas; a primeira delas, intitulada “What Makes the ideal Acute Care Surgeon”, foi proferida pelo Dr. Mansoor Ali Khan, Conselheiro Consultor em Cirurgia Geral para a Marinha Real Inglesa e Professor Sênior em Cirurgia Militar no Centro Real de Medicina de Defesa. Depois, coube ao Dr. Antonio Marttos abordar o uso da Telemedicina na Educação Cirúrgica no Trauma, discorrendo sobre sua experiência de sete anos no Ryder Trauma Center da Universidade de Miami. O Dr. Antonio Marttos, que em 2017 recebeu a outorga do título de Correspondente Estrangeiro da ANM, ressaltou que o uso da telemedicina tem como principal benefício a disponibilização de um banco de dados da saúde do paciente, possibilitando um diagnóstico rápido, personalizado e até mesmo à distância.