A dualidade entre a beleza e a feiura foi tema de um profundo e instigante debate na quinta-feira, 10 de setembro, na Academia Nacional de Medicina. O tema médico-filosófico foi abordado na palestra “A Beleza e a Feiura: o que há de objetivo quando se analisa o subjetivo”, proferida pelo Acadêmico Ricardo Cruz. Em seguida, houve um amplo e concorrido debate de mais de uma hora, coordenado pelo Presidente Francisco Sampaio. A questão foi abordada por mais de 100 pessoas, entre psiquiatras, neurologistas, cirurgiões plásticos, anatomistas, além de especialidades em outras áreas e alunos dos 5º e 6º anos de Medicina.
Com tema de cunho filosófico, a apresentação foi baseada nas obras do italiano Umberto Eco. Criador e chefe, desde fevereiro de 2003, do Centro de Atenção Especializada em Cirurgia Crânio-maxilo-facial do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), atendendo a pacientes com deformidades congênitas, do desenvolvimento e adquiridas (por trauma e tumores) do esqueleto crânio-facial, o Acadêmico Ricardo Cruz propôs uma reflexão sobre as verdadeiras identidades e os reais valores dos seres humanos.
Com o auxílio de poetas, filósofos e pensadores, do passado e do presente, o palestrante desenvolveu uma linha de pensamento a respeito do que objetivamente pode ser visto e sentido quando se analisa o belo e o feio, aspectos, a princípio, revestidos de subjetividade. Revisitando passagens ao longo dos tempos, o Acadêmico destacou que a percepção da beleza depende de questões históricas, normas sociais de padrão vigente, padrões cerebrais (a chamada beleza matemática) e fatores inconscientes e instintivos (a subjetividade, o gosto pessoal), e apresentou exemplos de pessoas que não se encaixam no padrão atual de beleza, mas que conseguiram mostrar suas identidades através de seus valores e talentos.
Ao final de sua elogiada conferência, o Acadêmico Ricardo Cruz citou os famosos versos do poeta Mario Quintana (“Por que prender a vida em conceitos e normas? O Belo e o Feio… O Bom e o Mau… Dor e Prazer… Tudo, afinal, são formas e não degraus do Ser!”) e concluiu dizendo “A aparência do homem não vale nada. A essência do homem é o que vale. Só a moral, só a ética, só o caráter podem, efetivamente, salvar a humanidade. Não é a aparência, não é o belo, não é o feio”.