O país é o quinto em extensão territorial, com 8,5 milhões de metros quadrados, o sexto marco populacional do mundo com mais de 210 milhões de habitantes. “Segundo pesquisas, 1/3 das despesas assistenciais são desnecessárias, a telemedicina permite simplificação processual, reduzir custos, diminuindo desperdícios com gastos assistenciais desnecessários e desigualdades existentes em várias regiões,” disse Claudio Lottenberg, médico do Instituto Coalizão Saúde, em simpósio promovido pela Academia Nacional de Medicina (ANM), no dia 22 de abril de 2021, sobre a importância das ferramentas digitais aplicadas à saúde e como ainda são um grande desafio no Brasil.
Para o presidente da ANM, professor Rubens Belfort Jr., “este é um tema extremamente interessante e a Academia Nacional de Medicina, mais uma vez, dá rumos à agenda de saúde, democratizando a medicina”.
Os coordenadores do evento, os acadêmicos Giovanni Cerri e Fábio Jatene, reforçaram a importância das discussões para entender o avanço da saúde digital em seus dois pilares: assistencial e educacional.
“A saúde digital possibilita poder capacitar profissionais de saúde e melhorar o acesso, diminuindo assim as desigualdades. Essa crise sanitária vai deixar um legado que pode ajudar o sistema de saúde”, enfatizou Cerri.
Já o acadêmico Fabio Jatene disse que o número de cirurgias remotas realizadas no mundo não apresentou grandes aumentos desde o início dos anos 2000. No ano de 2019, por exemplo, ocorreram 13 mil no Brasil. Por outro lado, as cirurgias assistidas por robô apresentaram uma progressão geométrica.
Do Conselho Federal de Medicina, participou o médico Donizetti Giamberardino Filho, que apontou o impulso na saúde digital a partir da pandemia. Segundo ele, atualmente, é liberada em legislação e sua regulamentação será feita após o fim da crise sanitária.
“É um assunto complexo, em um país continental, com graves problemas de desigualdade social. O acesso e a comunicação são desafios das ferramentas da telemedicina e também oportunidades de maior integração da rede, melhorando também experiências educacionais e o direito a uma segunda opinião”. O valor ouro é que a ferramenta vem para auxiliar e não substituir o atendimento presencial”.
O médico Erno Harzheim, ex-secretário da Atenção Primária do Ministério da Saúde e atual gestor da Clínica Salute, relembrou o Dilema de Oregon, da década de 80, nos Estados Unidos. Na época, as autoridades de saúde convocaram um comitê que providenciasse uma solução para um sistema de saúde universal na cidade. A resposta dos técnicos foi escolher entre uma equação: acesso, qualidade e custos. Para Harzheim, a telemedicina rompe esse dilema, pois amplia o acesso, com qualidade e um custo mais baixo.
“Na verdade, nem deveríamos chamar telemedicina, esse prefixo está com os dias contados. Vivemos uma nova era na sociedade mundial e temos que entrar no século XXI, permeado de tecnologia. Hoje, 70 milhões de domicílio têm computador com internet, mas apenas 3 milhões de pessoas têm smartphone. Não podemos esperar que 100% da população tenha acesso para implementar a telemedicina”.
Para ele, a telemedicina irá romper o Dilema de Oregon, pois diversos dispositivos garantem a qualidade do acesso e segurança dos dados que nos ajudam e permitem uma comunicação remota com qualidade. “Não precisamos de regulamentação. Temos o código de ética médica e a constituição”.
Outro convidado foi Chao Lung Wen, da Faculdade de Medicina da USP, que fez um alerta: “Não adianta termos diversos recursos tecnológicos se não houver ética. Cabe aos conselhos fiscalizar se as condutas estão dentro do código de ética. Na Lei 13989, sancionada pela Presidência da República em 15/04/2020, em seu quinto parágrafo diz: A prestação de serviços de telemedicina seguirá os padrões normativos e éticos usuais do atendimento presencial. Wen ainda resumiu que:
– A telemedicina é um braço da medicina para aumentar a abrangência do acesso. É a medicina conectada. A tecnologia e os recursos, por si só, não têm valor se não estiverem interligados com o fundamento da ética médica.”
Outra palestrante do evento foi a médica Minal Bakhal, diretora Clínica de Cuidados Primários Digitais do National Health Service (NHS) – o Serviço de Saúde da Inglaterra. Bakhal falou sobre como a covid-19 mudou a prática rotineira e as perspectivas futuras da saúde digital. Com a chegada da pandemia, segundo ela, foi primordial a implementação de um sistema nacional, regional e local de consultas online. O objetivo inicial era entender e avaliar a evolução nacional da resposta à pandemia. O NHS investiu em inovação e modelos colaborativos e hoje a resposta é que a Inglaterra está com a pandemia sob controle.
Representando a Siemens Healthineers, Armando Lopes discorreu sobre o uso de tecnologias e serviços na saúde digital, que passam por todas as etapas: da prevenção à reabilitação. Alguns dos progressos mencionados que a empresa é capaz de oferecer são as teleconsultas, diagnósticos remotos, relatórios emitidos por inteligências artificiais, realidade aumentada e treinamentos à distancia.