“A maioria dos esquiadores não sabe o risco que está correndo”, afirmou o Acadêmico Daniel Tabak, médico oncologista e coordenador do Programa de Terapia Celular da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. Durante sua palestra na ANM, no dia 11 de abril de 2013, Tabak alertou sobre os perigos que a altitude provoca à saúde, com relatos de sua viagem ao monte Kilimanjaro, um antigo vulcão que fica ao norte da Tanzânia e consiste no ponto mais alto da África, com uma altitude de quase seis mil metros.
A chamada síndrome das altitudes pode causar inúmeras patologias. As mais comuns são cefaleia, edemas de face e de pulmão, que geralmente se resolvem rapidamente depois que a pessoa retorna às baixas altitudes. Porém, também podem ocorrer ascite (acúmulo de líquidos na cavidade abdominal), alteração nos hematócritos, microemorragias e fluxo cerebral alterado. Assim, as funções do cérebro podem ser comprometidas, provocando dificuldade de concentração, redução da memória e até alucinações. Todos os sintomas são em decorrência do mecanismo fisiológico de adaptação à altitude e baixa da pressão atmosférica, que interferem na oxigenação.
Diversos pesquisadores se dedicam ao estudo dessa síndrome e o acadêmico apresentou uma revisão da literatura sobre o tema. As principais pesquisas buscam entender por que algumas pessoas – especialmente povos inteiros – conseguem viver bem nessas condições de altitude sem sofrer tais efeitos. Vários estudos foram feitos com diferentes povos e todos apresentam adaptações genéticas que interferem na oxigenação, seja por produzirem mais hemácias, hemoglobinas, ou outras alterações, como produção maior de óxido nítrico.
Tabak explica que as mutações genéticas em povos de diferentes partes do mundo foram fundamentais para que as populações estivessem adaptadas. “Darwin já havia previsto isso tudo”.
Já para os que não podem contar com essa “ajuda” genética, as pesquisas mostram que não adianta ser jovem e praticar atividades físicas com regularidade: a patologia da altitude não lhe deixará em paz. Na verdade, os mais idosos até apresentam menos efeitos cerebrais relacionados à altitude. Mas existem formas de prevenir (ou, pelo menos amenizar) esses efeitos, que são o uso de diuréticos, além do tratamento dos sintomas mais graves de edema pulmonar por meio de corticoides.
A apresentação completa pode ser acessada no canal da ANM no slideshare, em: www.slideshare.net/academia-nacional-de-medicina.