A Epidemia da Obesidade no Século XXI

 
 
 
 
Coordenação:
Acadêmico Carlos Eduardo Brandão e
Dra. Cintia Cercato – USP


 
     
 
14h30

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.

   

BLOCO I

   
14h40

Obesidade: Epidemiologia no Brasil e no Mundo
Dr. Paulo Andrade Lotufo – Universidade de São Paulo

   
   
14h55

Entendendo as raízes da doença: O papel do hipotálamo
Dr. Lício Velloso – UNICAMP

   
   
15h10

Toda obesidade é igual? Gordura visceral em excesso e falta de gordura subcutânea
Dr. Amélio Godoy-Matos – IEDE-PUC-RJ

   
   
15h25

Tecido adiposo branco e marrom: Browning e termogênese em modelo animal
Acad. Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda

   
   
15h40

Obesidade: Disfunção endotelial e resistência à insulina
Acad. Eliete Bouskela

   
   
15h55

Discussão
Acad. Mônica Gadelha e Acad. Rui Maciel

   

BLOCO II

   
16h15

Obesidade e doenças cardiovasculares: Quais as implicações?
Dr. Andrei Sposito – UNICAMP

   
   
16h30

Obesidade e sua implicação com as doenças metabólicas (diabetes, síndrome metabólica, dislipidemia)
Dr. Fabio Trujilho – Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador

   
   
16h45

Obesidade e covid-19: Quando duas pandemias se encontram
Dr. Marcio Mancini – Universidade de São Paulo

   
   
17h

Consequências da Obesidade Infantil – do Bullying a doenças crônicas
Dra. Maria Edna de Melo – Universidade de São Paulo

   
   
17h15

Discussão com a Bancada Acadêmica
Coordenação: Acads. Aderbal Sabrá, Mônica Gadelha e Rui Maciel

   
   
17h45

Intervalo

   

Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina XIX –
Ano Acadêmico 192


   
18h

Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina, Acad. Rubens Belfort Jr.

   
   
18h05

Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Carlos Eduardo Brandão

   
   
18h10

Comunicações dos Acadêmicos

   

BLOCO III

   
18h30

Obesidade e Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica
Acad. Carlos Eduardo Brandão

   
   
18h45

Estratégias Farmacológicas e não Farmacológicas no controle da Obesidade
Dra. Cintia Cercato – Universidade de São Paulo

   
   
19h

Cirurgia Bariátrica na Obesidade: Quando indicar e resultados
Dr. Marco Aurélio Santo – Universidade de São Paulo

   
   
19h15

Discussão com a Bancada Acadêmica
Acads. Aderbal Sabrá, Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda, Eliete Bouskela, Mônica Gadelha e Rui Maciel

   
   
20h

Encerramento

   
 
     
 

OBESIDADE: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 2,3 bilhões de pessoas no mundo estão com sobrepeso ou obesos o que representa de 2 a 7% do orçamento de saúde. E, de acordo com o Ministério da Saúde, uma a quatro pessoas está obesa no país, isso significa 41 milhões de pessoas no Brasil, relatou o médico Paulo Andrade Lotufo, da Universidade de São Paulo (USP), durante o simpósio “A epidemia da obesidade no século XXI”, promovido pela Academia Nacional de Medicina (ANM), no dia 22 de julho de 2021.

– A obesidade na infância é um grande marcador epidemiológico de desarranjos de problemas cardiometabólicos na fase adulta. No Brasil, um estudo evidenciou o aumento da obesidade entre as mulheres na área rural e nas mulheres negras de baixa escolaridade. A obesidade é um problema de saúde pública, alertou Lotufo.

O médico Fabio Trujilho, da Faculdade de Tecnologia e Ciências, de Salvador, reforçou essa visão. Para ele, “a obesidade é um problema global e epidêmico que merece tratamento precoce e atenção aos números e complicações. Não devemos ficar inertes a esse cenário.” 

Trujilho afirma que hoje vivenciamos uma disponibilidade de alimentos e bebidas açucaradas baratas, palatáveis, altamente calóricos e em grandes porções. Além do estresse econômico e social, que proporcionam uma forma de comer emocional”. Segundo ele, há uma janela de espera de seis anos entre a percepção do indivíduo sobre a obesidade e a busca por tratamentos. Precisamos ter uma abordagem mais precoce a doença.

O professor Amélio Godoy-Matos, da PUC-RJ, foi outro convidado do evento e apresentou estudo sobre o magro metabolicamente gordo que é o indivíduo que não é obeso, mas apresenta gordura visceral no abdômen, pouca gordura nos membros inferiores e desenvolve os mesmos riscos de ter doenças metabólicas como a diabetes e síndromes coronarianas. É o que ele chama de magro por fora e obeso por dentro.  O médico Andrei Sposito, da Unicamp, reforçou a mensagem que diminuição do peso corporal pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares. 

Doenças associadas – O evento foi coordenado pelo secretário geral da ANM, Carlos Eduardo Brandão e pela médica Cíntia Cercato da USP. Brandão, que é professor Titular da Escola de Medicina e cirurgia da UniRio e Adjunto da UFRJ, falou sobre a Doença Hepática Gordurosa Não Alcóolica (DHGNA), que se trata de um acúmulo de gordura no fígado em pessoas que não fazem consumo de bebidas alcóolicas. Segundo ele, de 10 a 40% da população mundial possuem a DHGNA. Em pacientes obesos, essa incidência cresce e passa a ser de 50 a 75%.

Outro alerta destacado durante o simpósio foi feito pelo médico Marcio Mancini, da USP. Mancini explicou que os pacientes obesos correm mais risco se infectados pela covid-19, pois o vírus penetra no tecido adiposo, aumentando a carga viral e o tempo de infecção. “O indivíduo obeso tem mais inflamação e mais riscos de desenvolver tromboses. As comorbidades da obesidade produzem quadros mais graves, mais internações em UTIs e mais manifestações clínicas”.

A saúde mental na epidemia da obesidade foi outro aspecto debatido durante o evento. Para a professora Maria Edna de Melo, também da USP, a obesidade não implica somente nos fatores metabólicos, a saúde mental é fortemente atingida. Além dos transtornos alimentares sofridos pela população infantil, pesquisas relatam a distorção da autoimagem, o atraso escolar e a depressão como fatores impactantes na vida de crianças e jovens obesos. Somado a isso, existe o bullying. “O surpreendente é que o bullying, na fase infantil, acontece na escola e também é uma agressão que ocorre dentro da própria família”. 

Para Melo, a obesidade impacta muito a vida da criança, uma vez que é responsabilizada por ter a doença. A “gordofobia” ainda é permitida até em piadas. O preconceito está enraizado na sociedade e na mídia. E a mudança no sistema alimentar é uma saída preventiva. Desde a merenda escolar até o abandono das comidas ultraprocessados e palatáveis. 

O simpósio contou ainda com a participação dos palestrantes acadêmicos Carlos Alberto Mandarim-de-Lacerda e Eliete Bouskela e comentários dos acadêmicos Aderbal Sabrá, Mônica Gadelha e Rui Maciel. O acadêmico Sérgio Novis relembrou que “há 75 anos, ser gordo era sinal de saúde, fazia parte do comportamento social. A mãe considerava que o filho gordinho era saudável, ficando preocupada quando o filho era magro e insistia em bolo e gelatina para engordá-lo. A mudança de comportamento só ocorreu quando as comorbidades começaram a aparecer.”

Tratamentos – “Do ponto de vista não farmacológico, a base do tratamento para todos os pacientes, que sofrem de obesidade, é sempre a modificação do estilo de vida. Com restrição calórica, aumento da atividade física, monitoramento e verificações sobre aderência à dieta e a exercícios”, complementou a médica endocrinologista Cintia Cercato, uma das organizadoras do evento. 

Em termos de cirurgia, o médico Marco Aurélio Santo, da USP, de 2 a 4% da população brasileira possuem obesidade mórbida. “Não existe compartimento no nosso organismo que não seja diretamente acometido pela obesidade. São comprometimentos cardiovasculares, ginecológicos, digestivos, respiratórios, dermatológicos, entre outros.” Segundo ele, é no aspecto psicossocial que a obesidade mostra sua fase mais crítica com uma dificuldade no relacionamento social, problemas profissionais e transtornos emocionais.”

Os princípios para uma indicação cirúrgica bariátrica são baseados nos seguintes conceitos: insucesso do tratamento clínico, quando a perda de peso é insuficiente e não sustentada; e comorbidades, quando há diminuição das reservas clínicas ou compromete a qualidade e expectativa de vida, esclarece o Santo.

A íntegra da sessão científica pode ser revista no link https://www.anm.org.br/simposio-a-epidemia-da-obesidade-no-seculo-xxi-22-de-julho-de-2021-parte-i/



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