A Academia Nacional de Medicina convida a participar do evento a ser realizado no Web Hall da Academia Nacional de Medicina, na plataforma ZOOM Meetings.
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A busca pela expansão dos horizontes tem levado médicos brasileiros para o exterior e muitos acabam permanecendo. E enchem o país de orgulho, em cargos de destaque de hospitais de renome, traçando trajetórias brilhantes.
Médicos brasileiros chefiando unidades de cirurgia nos Estados Unidos, Canadá, Qatar e Alemanha foram os convidados da Academia Nacional de Medicina, em Simpósio “A cirurgia brasileira no mundo” para apresentarem seus trabalhos em simpósio coordenado pelo ex-presidente Pietro Novellino e os acadêmicos José de Jesus Camargo e Rossano Fiorelli.
Para o presidente da ANM, Rubens Belfort Jr., “são verdadeiros embaixadores brasileiros no exterior e que ainda somam ao receberem novas gerações de médicos que desejam se aperfeiçoar em outros centros médicos.”
Entre os convidados, Rodrigo Vianna, formado na USP, e que hoje responde pelo maior centro de transplante de órgãos dos Estados Unidos, o do Miami Transplant Institute. Recheada de experiências, sua apresentação destacou os avanços tanto no transplante de rim, como de fígado e de intestino, assim como os perfis epidemiológicos das populações americana e brasileira e gastos em saúde em ambos os países.
A revolução tecnológica introduzida pela robótica na cirurgia pulmonar e os casos de transplante de pacientes com agravos pulmonares causados pela covid-19 foram apresentados pelo médico do Paraná, Tiago Nogushi Machuca, outro destaque brasileiro na Flórida.
O Honorário Estrangeiro da ANM, Tomas Salerno, hoje na Universidade de Miami, foi outro expoente da sessão. Em sua palestra “Enxergando além das lupas”, o brasileiro exibiu ainda, de forma clara e didática, uma rica cronologia das cirurgias cardíacas, traçando paralelos de comparação com os conhecimentos e técnicas da atualidade.
E sobre os hospitais do futuro, o brasileiro Antonio Marttos, atualmente, no Ryder Trauma Center de Miami, mostrou como os hospitais estão conectados e oferecendo serviços de consultoria médica para outros profissionais de países distantes como Iraque, através de telemedicina, em apenas 15 minutos.
O médico Robson Capasso, atuando na Escola de Medicina da Universidade de Stanford, abordou ecossistemas de inovação para aplicação na medicina e mostrou como empresas transnacionais e nacionais, que não são tradicionais da área da saúde, estão, cada vez mais, focadas em oferecer serviços médicos.
De Nova York, o médico Flavio Macher, do Albert Einstein College of Medicine, mostrou os tipos de inteligência artificial (IA) aplicadas à medicina: a IA assistida por robótica; a IA aumentada, na qual o robô auxilia o médico na tomada de decisão; e a IA autônoma, cuja autonomia é do robô que foi treinado pelos profissionais.
Canadá – Da PUC do Rio Grande do Sul para Toronto, o cirurgião Marcello Cypel foi outro convidado. Cypel, é diretor cirúrgico da Universidade de Toronto. E apesar dos 15 anos no Canadá, jamais abandonou o Brasil em tempos críticos. No incêndio da boate Kiss, em 2013, veio diversas vezes ao país ajudar na recuperação dos jovens acidentados. Em sua palestra, histórias e avanços sobre transplante de pulmão, mudanças para preservação dos órgãos doados, estudos da fisiopatologia de cada órgão e a compatibilidade com os receptores desses enxertos.
Modelos de carreiras inspiradoras não faltaram durante a sessão. A médica Paula Ugalde, nascida no Chile, formada na Bahia e, atualmente, no Institut Universitaire de Cardiologie et de Pneumologie de Québec, no Canadá, foi outro destaque como palestrante. Ugalde reforçou os avanços nas cirurgias minimamente invasivas de pulmão e os resultados satisfatórios se comparados às cirurgias de peito aberto.
Outro participante foi Stephan Soder, do Centre Hospitalier de lUniversité de Montréal, no Canadá, que apresentou tecnologias, minimamente invasivas, associadas a prática clínica para casos de câncer de pulmão.
Outros destaques – Do Qatar, falou o médico brasileiro Sandro Rizoli. Especializado em serviços de trauma, Rizoli mostrou aspectos socioeconômico demográfico desse país da península arábica e como o sistema funciona articulado desde o momento do acidente nas ruas, a chamada emergencial, transporte e atendimento em uma abordagem global de cada paciente para estancar possíveis hemorragias.
E de Berlim, o médico Ricardo Zorron abordou dogmas, ensinamentos e como pensar “não dentro da caixa e nem fora, mas sem caixas”. Mostrou de forma ilustrativa os avanços nas cirurgias bariátricas e outras que começaram experimentalmente no Rio de Janeiro e hoje são exemplos para o mundo.
Recentes progressos – Durante este dia, a ANM ainda promoveu a sessão de recentes progressos. E o câncer de fígado foi o tema central. “Avanços na terapia imunológica dos tumores de fígado” foi assunto da palestra do médico Fábio Marinho, do Real Hospital Português de Pernambuco.
Marinho compartilhou importante inovação no tratamento de carcinoma hepático: a descoberta que a associação entre Atezolizumab e Bevacizumab oferece uma sobrevida superior à Sorafenib – droga de escolha desde 2008. “Para a primeira linha de tratamento dos pacientes com a doença, é um avanço que não se conquistava há décadas”, apontou.
O acadêmico Carlos Eduardo Brandão, aproveitou a ocasião, e destacou a conquista do Nobel de Medicina, neste ano, pelos médicos Harvey Alter, Michael Houghton e Charles Rice, que demonstraram que um vírus, até então desconhecido, era causa de hepatite crônica, além de terem isolado o genoma do vírus da hepatite C – avanços que permitiram grande redução da incidência de novos casos da doença e de diversas outras complicações do fígado.
A revolução tecnológica na medicina é uma realidade e os médicos brasileiros no exterior são motivos de orgulho para todos.