Academia de Medicina anuncia vencedores dos prêmios 2020

18/11/2013

Nesta terça-feira (30/6), a ANM completará 191 anos e, como já é tradição, uma cerimônia solene marcará a comemoração. Considerada a mais antiga instituição na área da saúde em funcionamento permanente, foi criada em 1829 pelo médico cirurgião Joaquim Cândido Soares de Meirelles, sob o nome de Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro.

Durante a cerimônia de aniversário, serão anunciados os ganhadores dos prêmios da ANM. Foram 63 candidaturas – um número recorde -, que concorrem aos nove prêmios nesta edição. As premiações da ANM são também consideradas as mais antigas, pois foram instituídas junto à idealização da instituição.

O grande prêmio Presidente da Academia Nacional de Medicina foi para um grupo que reúne médicos das universidades Federal do Espírito Santo, Federal de São Paulo e da Columbia University sobre avanços para o tratamento da principal doença oftalmológica relacionada à perda da visão em adultos maiores de 55 anos: a Degeneração Macular Relacionada à Idade. O grupo estudou moléculas pró e antiangiogênica que podem contribuir para vascularização ocular e a aplicação dos sistemas CRISPR-Cas para edição do genoma, também conhecida como “cirurgia genômica” no campo da Oftalmologia.

Outro trabalho vencedor da edição do 2020 dos prêmios da ANM aborda as técnicas para transplante de fígado. De um grupo de médicos da Unidade de Transplante de Fígado, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade do Estado de Pernambuco, o trabalho original acompanhou 87 pacientes submetidos ao procedimento, entre 2018 e janeiro de 2020. Foram analisadas duas técnicas cirúrgicas e diversos parâmetros entre os pacientes. Os resultados contribuem para indicar qual técnica gera menos instabilidade pós-cirurgica e que leva ao melhor funcionamento do enxerto após o transplante. Este trabalho venceu na categoria Prêmio Presidente José Cardoso de Moura Brasil.

Na categoria Madame Durocher, o trabalho vencedor relata a experiência de dois casos de transplante uterino com doadoras falecidas, sendo que um obteve sucesso com o nascimento da criança na 36 semana de gravidez e discute os aspectos que contribuíram para o insucesso do outro caso. Participaram da equipe cinco médicos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

História – Fundada no reinado do imperador D. Pedro I, a Academia Nacional de Medicina (ANM), de forma frequente, recebia D. Pedro II que, por mais de 50 anos, foi um assíduo ouvinte das conferências sobre ciência e saúde. Sua cadeira permanece no Salão Nobre da ANM, até os dias atuais. Com enfermidade avançada, no dia 30 de junho de 1889, presidiu pela última vez, a sessão de aniversário da instituição.

Em 2020, com a chegada da pandemia pelo novo coronavírus, suas habituais sessões científicas foram transferidas para o universo online, no qual o atual presidente, professor da Unifesp e oftalmologista, Rubens Belfort Jr., estabeleceu um gabinete de crise que aborda, exclusivamente, vários aspectos do SARS-CoV-2, desde março. Já os tradicionais chás acadêmicos foram suspensos pela primeira vez.

De 1829 a 2020, a Academia elegeu apenas um seleto grupo de 674 médicos brasileiros que ocupam uma das 100 cadeiras divididas entre as três Secções de Cirurgia, de Medicina e Ciências Aplicadas à Medicina.

Histórias pitorescas recheiam a trajetória da Academia Nacional de Medicina como a entrada da primeira mulher, Marie Josephine Mathilde Durocher, eleita em 1871. Parisiense, veio para o Brasil aos sete anos e, já naturalizada, matriculou-se no curso de Partos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1833. Para trabalhar como parteira e não sofrer descriminação, adotou uma indumentária masculinizada, vestindo-se de preto, com casaco, gravata, cartola e saia e esclareceu em uma publicação de 1871:

“Como primeira brasileira formada parteira, aos vinte e quatro anos, eu decidi que estava autorizada, ou melhor, obrigada a servir como um modelo para aqueles que viriam depois de mim.”

Famosas também foram as atuações da Academia Nacional de Medicina nas campanhas de saneamento, vacinação e durante o enfrentamento de outras epidemias como a de febre amarela, no início do século passado, e a pandemia de 1917. Credenciais que atraem novos médicos para o seu Programa de Jovens Lideranças Médicas.  Outras iniciativas da ANM também são relevantes para a história da medicina em nosso país. A criação do Arquivo, cujo rico acervo possui informações relacionadas não só à história da medicina e da ciência brasileira com as fotos de Madamme Durocher, a parteira da família real portuguesa, mas também importantes acontecimentos da história política e social do país como o atestado de óbito do Imperador D. Pedro II; e a Biblioteca repleta de obras raras que contam os avanços ao longo desses quase dois séculos.

Serviço:

Dia: 30/06 – terça-feira

Horário: das 18:00 às 20:00

Local: Web Hall da ANM na plataforma zoom meeting https://acknetworks.zoom.us/my/anmbr

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