Já é possível, atualmente, falar em cura do HIV? Em sessão do dia 13/06/2013, na Academia Nacional de Medicina, o acadêmico e epidemiologista Celso Ramos Filho afirmou que ainda não. Porém, apresentou alguns casos de cura funcional da infecção.
A cura funcional é atribuída aos pacientes que não apresentam mais evidências imunológicas da doença e nos quais o nível de vírus continua indetectável aos testes (em alguns casos, mesmo sem a administração do AZT). “Mesmo assim, não podemos afirmar que se trata de cura definitiva”, ressalva Ramos.
A literatura médica relata cerca de 20 casos de cura funcional no mundo e Ramos descreveu algum deles. Três destes pacientes sofriam também de leucemia e precisaram ser submetidos a um transplante de medula óssea. Eles estavam com o vírus latente dentro das células (sem se reproduzir), devido à administração do antirretroviral antes, durante e após o transplante. No tratamento, a medula óssea foi destruída e substituída pela de um doador saudável. Em cerca de dois meses, as células sanguíneas do doador substituíram completamente as do paciente e a continuação do AZT impediu a contaminação das novas células.
Um destes casos recebeu o transplante de um raro doador que possuía resistência natural ao HIV (sem receptor CCR5, que age como porta de entrada do vírus nas células). Este paciente já suspendeu a medicação, permanecendo sem manifestar a doença e com carga viral indetectável.
Mesmo diante do alto risco e da incapacidade de se praticar transplantes de medula óssea em todos os milhares de pacientes infectados no mundo, Ramos se mostra esperançoso. “Ainda não há cura, mas muito provavelmente poderemos caminhar para isso. Porém, não somente com os medicamentos que temos hoje”.