O aumento da próstata nem sempre é maligno, mas geralmente causa tantos problemas para urinar, dentre outros sintomas, que requer um procedimento cirúrgico. O médico Fernando Pires Vaz apresentou, na sessão de 06/06/2013, da Academia Nacional de Medicina, seus resultados promissores com uma nova técnica a laser, que vem utilizando no Hospital dos Servidores e em sua clínica no Rio de Janeiro.
O método a laser intitulado de Greenlight literalmente pulveriza o tecido da próstata abrindo um canal entre a uretra e a bexiga, por onde a urina passa (apesar de a próstata continuar aumentada). Dentre as vantagens, com o laser o paciente não perde sangue, não absorve líquido e ainda reduz o tempo de cateterismo após a operação em 83%, para apenas 12 horas, e reduz o tempo de internação em 68%, para apenas um dia. Inclusive, a alta temperatura utilizada (acima de 100ºC) impede a coagulação, permitindo o uso da técnica até em pacientes que tomam anticoagulantes.
“Essas vantagens acontecem porque o laser penetra pouco, coagula pouco, é uma onda quase contínua e o ideal para vaporizar tecidos”, explica Vaz. “Se você cortar, tem que tirar um pedaço, isso leva tempo e pode se complicar. Se simplesmente evaporar, vai destruir o tecido que tem que destruir, mas com profundidade muito pequena, não tem o risco de destruir o que você não quer”.
O acadêmico publicou um estudo recentemente no periódico científico British Journal of Urology International com os primeiros 10 casos que foram submetidos à técnica por sua equipe. Estes pacientes obtiveram resultados iguais a outros 10 operados pelo método tradicional, ambos acompanhados por 24 meses. Além disso, Vaz explica que já existem mais de 500 artigos publicados em periódicos científicos ao redor do mundo sobre esse tipo de tratamento em pacientes com complicações graves, como próstatas grandes, coagulados e cardiopatas.
O acadêmico citou ainda alguns dos casos clínicos que tratou, explicando as possíveis complicações e como contorná-las. “Por exemplo, alguns pacientes que têm a bexiga descompensada, muito grande, sabemos que vão levar mais tempo para voltar a urinar”. As cirurgias uretrais podem também causar uma incontinência de estresse por algum tempo, porém, todos os casos se recuperam em, no máximo, um ano. “Nós consideramos o resultado bastante satisfatório para a faixa etária e o tipo de paciente que estamos tratando”.
“Eu acho que essa é uma alternativa para o tratamento cirúrgico, das melhores que já vi. Tem uma eficácia consistente na literatura. Tem menos complicações. Já fiz isso em pacientes que não teria coragem de fazer a ressecção cirúrgica”, finaliza. “O custo no Brasil ainda é alto, pois geralmente a máquina é alugada. Mas certamente é um método promissor.”
Hiperplasia benigna da próstata – Normalmente, se inicia em homens a partir de 40 anos e pode provocar estreitamento da uretra, com consequente dificuldade para urinar. O não esvaziamento completo da bexiga aumenta o risco de infecções do trato urinário e de formação de pedras na bexiga. Além disso, a retenção da urina distende a bexiga e, em alguns pacientes, podem progredir para uma insuficiência renal.