O cirurgião geral Ruy Garcia Marques tomou posse na Academia Nacional de Medicina em cerimônia no dia 21 de maio de 2013, no Instituto Militar de Engenharia, no Rio de Janeiro. O acadêmico agora ocupa a cadeira 96 da Secção de Ciências Aplicadas à Medicina, cujo patrono é Rodolpho Albino Dias da Silva.
A tradicional comitiva de honra encaminhou o novel acadêmico ao salão. Formada pelos membros Eliete Bouskela, sua amiga e colega na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, Deolindo Couto, Hiram Lucas, Samir Rasslan, Wanderley de Souza, pelo diretor científico da Faperj, Jerson Lima da Silva e por seu ex-professor Sergio Aguinaga. Segundo Ruy, a constituição da comissão é bastante significativa: “É representativa de vossas excelências como um todo, que me permitiram alcançar essa vitória e que fazem sentir-me muito bem aceito nesta casa maior do saber médico”.
No discurso de boas-vindas, o acadêmico Francisco Sampaio enalteceu seu amigo de longa data e colega na Uerj e contou um pouco de sua trajetória. Nascido na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, no interior do RJ, algumas influências familiares o levaram a cursar medicina, graduação que concluiu na Uerj em 1978. Atualmente, é professor adjunto da mesma universidade, no Departamento de Cirurgia Geral. Também fez mestrado em Cirurgia Gastroenterológica pela Universidade Federal Fluminense (UFF), doutorado em Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-doutorado na Medical University of South Carolina, em Charleston, SC, EUA.
Em janeiro de 2007, foi chamado pelo então Secretário Estadual de C&T, Alexandre Cardoso, durante o 1º mandato do governador Sérgio Cabral, a assumir a presidência da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). “Desde então, o governo se responsabilizou a repassar 2% de sua arrecadação tributária líquida, como já constava na Constituição Estadual desde 1989 e nunca havia sido cumprida. Sem dúvida, o aumento do orçamento da Faperj levou a uma verdadeira revolução na pesquisa científica no estado”, afirmou Sampaio. “À frente da Faperj, o professor Ruy Marques tem se caracterizado pela imparcialidade e ponderação, sendo considerado quase uma unanimidade de boa administração pelos pesquisadores que se relacionam com a instituição”.
Em seu discurso de posse, o novo acadêmico agradeceu aos membros pela oportunidade de alcançar este sonho. “É com grande emoção e imensa satisfação que hoje sou empossado como membro titular da ANM, a mais elevada honraria almejável a um médico brasileiro […]. Não foi fácil chegar até aqui. Mas foi profundamente gratificante alcançar esta condição, estando plenamente cônscio da responsabilidade que é me tornar Membro Titular desta Academia. Agradeço a cada um dos ilustres acadêmicos pela oportunidade que terei em conviver com as notórias e grandes personalidades que compõem esta casa e digo, com humildade, lealdade e responsabilidade, que tudo farei para honrá-la”.
Garcia Marques relembrou a história do patrono de sua cadeira, o farmacêutico Rodolpho Albino Dias da Silva. Que trouxe grandes avanços para a área no país, além de ter sido também exímio desenhista, pintor, poeta e pianista. Como preza a tradição, foram retomados também o passado dos que o sucederam, em especial a última ocupante, a patologista Anadil Vieira Roselli, que foi extremamente proeminente em sua área, sendo a 3ª mulher a assumir a posição de titular na ANM, e que faleceu em 14 de abril de 2012, aos 93 anos.
Em seguida, Garcia Marques defendeu a Medicina Translacional e aumento do financiamento em pesquisa, especialmente pelas entidades e empresas privadas. Por fim, agradeceu a seu orientador do doutorado, Andy Petroianu, pelos ensinamentos; ao ex-secretário Alexandre Cardoso e ao governador Sérgio Cabral pelo convite, oportunidade e confiança depositada para assumir a presidência da Faperj. Aproveitou também para saudar seus amigos e colegas da Fundação.
Por fim, o acadêmico agradeceu a seus amigos e a todos os familiares, sobretudo à esposa, aos irmãos, filhos e netos. Agradeceu a seu pai, que faleceu jovem, aos 35 anos, e especialmente à sua mãe, presente na cerimônia: “Mamãe teve uma missão nesta vida que poucas cumpririam com tal afinco. Viúva aos 28 anos de idade e com quatro filhos para criar (eu o mais velho, com 10 anos, e a mais nova com dois meses), sempre foi conselheira de todos nós. Obrigado mamãe, por tudo que a senhora fez e continua fazendo por mim e por todos nós. Dedico esta noite à senhora e sei que ainda estou devendo muito. Muito mais do que poderei retribuir”.
Para finalizar, o presidente da ANM, Marcos Moraes, deu suas boas-vindas: “O acadêmico Ruy Garcia Marques, em seu discurso, várias vezes falou as palavras humildade, lealdade e responsabilidade. Ruy, é disso que essa Academia precisa. De homens como você, que por onde passam deixam a sua marca e imprimem a sua vontade e lealdade de seu trabalho, sempre com muita responsabilidade”.