O professor Mércio Rosa Júnior, da Fundação Dom Cabral, fez uma exposição durante a última sessão da Academia Nacional de Medicina, realizada no dia 17/04, sobre o processo, em andamento, de planejamento estratégico da ANM.
Inicialmente, Mércio explicou que o processo de reflexão contou com a participação de 15 acadêmicos que se reuniram por cerca de 80 horas para definir os objetivos, focos e metas num mapa estratégico da instituição. Segundo ele, este mapa é dinâmico e, por conseguinte, determinará um plano também que deverá ser aprimorado diante das condições internas institucionais e também se adaptar constantemente ao contexto onde se insere.
Foi realizado um diagnóstico prévio da instituição embasado nas análises de entrevistas. Em paralelo, foram mapeados os diversos público com os quais a ANM interage. Em seguida, foram elencadas as forças, fraquezas e oportunidades da ANM e traçadas as proposições e estratégias. Surgiram então, eixos fundamentais na construção do mapa estratégico. Entre as proposições, a interação com órgãos públicos e privados, a ampliação da interação com a comunidade médica e da saúde, a interação com a sociedade, através da produção e codificação da informação como a elaboração de cadernos temáticos. Outra proposição sugerida é na área financeira com modelos de gestão e de governança, incluindo planejamento orçamentário e seu acompanhamento.
Após a exposição do Prof. Mércio Rosa, vários acadêmicos solicitaram a palavra e, num debate bastante produtivo, fizeram críticas ao processo, a diminuta participação dos acadêmicos e a pouca discussão com o plenário da ANM. Foi questionado o gasto com a consultoria e mencionadas ainda preocupações quanto à mudanças de valores estabelecidos há mais de 180 anos. Outro ponto abordado foi quanto à adequação deste processo em momento eleitoral, pois em três meses haverá novas eleições na ANM, e questionado como prosseguir num projeto de planejamento estratégico de longo prazo se o próximo presidente da ANM pode não levar adiante essa proposta.
Outros acadêmicos elogiaram a iniciativa e ousadia, e manifestaram apoio e agradecimento aqueles que se dedicaram ao longo processo nos finais de semana e puderam participar das discussões e trabalhar nesse plano para o futuro e renovação da ANM. Destacaram que, apesar do momento conjuntural, com eleições em breve, há um aspecto estrutural que precisa ser discutido que é a modernização para que a instituição possa influenciar a sociedade e o governo com excelência, autonomia e sua tradição na área da saúde.
Após a discussão da plenária, o presidente da ANM, Marcos Moraes, se desculpou, inicialmente, pelos transtornos causados com a retirada da ANM de sua sede de forma intempestiva, premido pelos riscos estruturais do prédio que ameaçava ruir. “Não foi uma decisão fácil, mas solitária e que foi necessária. Estou convencido que outras pessoas poderiam ter feito melhor, mas este é o meu limite”, disse Moraes.
O presidente esclareceu que os gastos com a consultoria foram pagos através de recursos recebidos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro. Com relação ao critério de escolha dos participantes, Moraes lembrou que foram enviados comunicados para todos os acadêmicos, além de menções sobre a proposta durante a sessão solene de aniversário da ANM, em 2012, e em sessões científicas. Ele recordou ainda a distribuição de folheto com a estrutura básica da proposta para ser avaliada e comentada por cada acadêmico. E, por fim, falou que, diante do processo eleitoral em curso, os dois candidatos ao cargo de presidente foram convidados igualmente para conversas informais sobre o projeto de planejamento estratégico da ANM.
A Fundação Dom Cabral, localizada em Nova Lima, Minas Gerais, foi classificada como a oitava melhor escola de negócios do mundo em 2012, no ranking de Educação Executiva do Financial Times.