Marcadores moleculares de gravidade em doenças parasitárias, especialmente a malária, foi o tema da conferência de Manoel Barral Netto, da Universidade Federal da Bahia, na Academia Nacional de Medicina, no dia 13 de setembro de 2012.
Cerca de 3,3 bilhões de pessoas vivem em áreas de risco para a malária no mundo, sendo que 300 a 500 milhões são infectadas todos os anos, causando aproximadamente entre 1,5 a 2,7 milhões de mortes anuais. No Brasil, as previsões apontam para 500 mil casos anuais. E um dos problemas da atualidade em relação à infecção é a resistência do parasita a drogas. Numa comparação global, embora o número de casos brasileiros não seja tão significativo quanto no restante dos países, há dois tipos de parasitas: o Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax, sendo ainda um problema na Amazônia brasileira.
Em sua conferência, Barral Netto que também é pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz abordou, entre outros aspectos o desfecho clínico da malária, envolvendo desde fatores de susceptibilidade do hospedeiro, genética, idade gênero, os fatores de virulência do parasita, fatores ambientais. Segundo ele, isso tudo em interação com o Plasmodium pode acarretar tanto formas assintomáticas da malária como formas mais graves.
Nesse sentido, os marcadores biomoleculares, para Barral Netto, é uma peça-chave e é um tema muito instigante nos dias atuais. Além dos estudos no campo da malária. tem sido aplicado no diagnóstico tanto para identificação de patógenos como para determinação de virulência; para estudos de susceptibilidade genética em doenças não apenas infecciosas e também em pesquisas sobre risco de infecção e gravidade de doenças; e ainda na busca de marcadores específicos. Segundo ele, os marcadores biomoleculares também são utilizados para prognóstico e estudos epidemiológicos no sentido de se monitorar a transmissão e identificação de surtos.
No caso da malária, Barral Netto explicou que se utilizam biomarcadores para se identificar os casos assintomáticos na área endêmica, pois numa região onde há prevalência da doença, muitas pessoas têm, por exemplo, malária assintomática e tem também o parasita. Segundo ele, esse é um desafio. Barral Neto, então questiona: “o que fazer com esses indivíduos se eles não sabem que estão contaminados e são ainda responsáveis pela manutenção do Plasmodium na natureza? Eles servem de fonte de alimentação para os vetores e esse panorama acaba por manter a malária no ambiente.
No caso de biomarcadores para tratamento, de acordo com ele, estes são fundamentais para identificar aqueles pacientes que podem ter a forma grave, ou seja, quais os pacientes que merecem mais atenção e cuidado para que o tratamento seja efetivo. Em conclusão, os biomarcadores são essenciais para diagnóstico e também para o tratamento. Por isso, deve-se procurar candidatos que validem esses biomarcadores. Barral Netto falou de marcadores de exposição, de gravidade, genéticos para malária, entre outros.