Uma exposição sobre medicamentos e estilo de vida permeou a conferência do médico Protasio Lemos da Luz, do Instituto do Coração de São Paulo, no dia 14 de junho, na Academia Nacional de Medicina.
O cardiologista Protasio da Luz é graduado pela Universidade do Paraná, tem doutorado pela Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado nos Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos. Com mais de 250 trabalhos publicados, Protasio traçou, inicialmente, um panorama global sobre as doenças cardiovasculares que, segundo ele, respondem por aproximadamente 34% da mortalidade no mundo. Conforme apontou, cerca de 20 doenças são responsáveis por 80% das mortes no mundo e, dentre estas, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 70%. Dessa forma, afirmou, as doenças cardiovasculares têm um impacto enorme na mortalidade mundial. Há tempos, “achávamos que as doenças cardiovasculares eram dos países ricos, mas com exceção da África- Subsariana, o resto do mundo é impactado por elas. É a epidemia do século XXI.”
O conferencista falou, a seguir, sobre os medicamentos para a aterosclerose. Segundo ele, a descoberta das estatinas motivou até um prêmio Nobel e produziu uma grande diferença no tratamento dos doentes, com uma redução significativa do risco em 35%. As estatinas são importantes na prevenção secundária, ou seja, entre aqueles pacientes que já sofreram alguma problema. A redução do risco fica em torno de 33%, mas não se pode esquecer, de acordo com ele, o risco residual de 60%, o que está longe do ideal, afirmou. Apesar disso, sua importância reside também no fato de que o medicamento pode mudar o rumo da doença. Por outro lado, a baixa adesão ao tratamento é um problema grave. Depois de um ano, só 20% dos pacientes continuam seguindo-o e este índice cai para apenas 7,1% dos indivíduos em tratamento nos países pobres, onde os custos podem chegar até 89% entre os pacientes que ganham um salário mínimo.
Uma boa alimentação e o estilo de vida foram também apontados pelo cardiologista como itens imprescindíveis para evitar a aterosclerose e as doenças cardiovasculares. Segundo ele, a dieta mediterrânea, que tem menor consumo de gorduras saturadas, maior porção de vegetais, frutas, baixo consumo de carne e doses moderadas de vinho ajudam a prevenir. Aliado a isso, lembrou, os exercícios físicos e abstinência ao fumo são fundamentais e ajudam a reduzir o risco em 65%.