A Academia Nacional de Medicina (ANM) fez uso, mais uma vez, da sua plataforma e influência na comunidade médica-científica para abordar uma discussão importante sobre Ensino Médico e Antirracismo, em simpósio organizado pelo Presidente Acad. Francisco Sampaio, Dr. Eduardo Saad, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP-RP), e Drª. Camila Torres, da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que ressaltou a necessidade de debater esse tema e falar sobre ações antirracistas.
O Presidente Acad. Francisco Sampaio abriu o simpósio com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) sobre o número de alunos pretos e pardos graduados nas universidades, mostrando que eles representam 50% dos alunos no ensino superior em geral. Mas na área de saúde, esse número ainda é pequeno, e de acordo com o Conselho Federal de Medicina, em 2020, um pouco mais de 3% dos médicos no país eram negros.
Em seguida a Professora Denize Ornellas, que também é Médica de Família e Comunidade, apresentou o tema Acesso à Saúde: Universalidade, Cuidado e Protagonismo da População Negra, iniciando com uma explicação sobre a escravidão no Brasil e compartilhando dados do último Censo do IBGE sobre raça, cor e autodeclaração. A professora também comentou sobre como o curso de medicina pode ser um aliado contra o racismo no ensino e na profissão, quais ações podem ser feitas e como iniciar o debate sobre o acesso à saúde de pessoas negras.
Para abordar o papel do Ministério da Saúde nessa discussão, o Assessor para Equidade Racial em Saúde, Luis Eduardo Batista, participou da sessão para explicar quais são as ações que o Ministério está tomando para suprir as necessidades da população negra e periférica em relação ao acesso à saúde, e para combater o racismo no meio médico.
Após o intervalo, a Drª. Gladis Garrido explicou sobre o Sistema de Saúde em Angola (SNS) e a sua experiência com acadêmicos. Angola é um país muito grande em que 47,6% da população vive abaixo da linha de pobreza internacional e 47,2% possui idade inferior a 15 anos. O país viveu nos últimos anos uma incidência grande de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, algo com que o SNS não está preparado. A médica explica a organização do SNS, a participação do setor público e privado, o uso da medicina tradicional, infraestrutura e os medicamentos. Além disso, o Professor Mosquito Garrido finalizou a apresentação mencionando os desafios que o país enfrenta com a formação e acompanhamento científico.
O Acadêmico Alberto Schanaider finalizou a tarde de apresentações com a palestra Ensino Médico e Antirracismo: Transversalidade e Reforma Curricular. Com sua experiência como Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Acad. Schanaider mostrou o número de alunos pretos nos cursos da área de saúde, como as disciplinas podem contribuir com uma educação antirracista, o papel das cotas para o ingresso de pretos na universidade e as políticas públicas direcionadas à população negra na saúde.