Academia Nacional de Medicina no Outubro Rosa

10/10/2019

Seguindo com a honrosa tradição, a ANM procede com seus simpósios semanais, desta vez abordando um tema de preocupação mundial, o Câncer de Mama durante o Outubro Rosa, movimento popular internacionalmente que simboliza a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, empresas e entidades, motivando e unindo diversos povos em torno de tão nobre causa. O Presidente da ANM, Acad. Jorge Alberto Costa e Silva faz uma breve abertura do simpósio, iluminando a necessidade de se propagar informações importantes como as do dia para a população.

O primeiro palestrante da tarde é o Dr. Alfredo Barros que se graduou em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1977), possui especialização em Ginecologia e Obstetrícia – Hospital das Clínicas (1978-1980), Pós-graduação e Doutorado em Obstetrícia e Ginecologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1982-1987). Seu tema é o “Impacto do Retardo no Início do Tratamento do Câncer de Mama”. O Dr. Barros elucida que a classificação do câncer de mama relacionado a hereditariedade, onde de 90-95% são casos esporádicos e de 5 a 10% são casos familiares.

O intervalo entre o diagnóstico e cirurgia afeta diretamente a sobrevida das pacientes, aonde ocorre um aumento de mortalidade pela doença significante num período de 60 dias. Tal reflexão levou a Lei dos 60 dias: “O tratamento de qualquer tipo de câncer no sistema público de saúde deve começar no prazo máximo de 60 dias após o diagnóstico definitivo”, mesmo que apenas 33% de casos extra-hospitalares e 65% intra-hospitalares obedeçam a mesma. Concluindo a palestra, encerra com a mensagem de que se a educação para saúde mamária for mais difundida, biopsias feitas mais rapidamente e o tratamento individualizado for oferecido, os próximos outubros serão mais rosas.

As discussões foram conduzidas pelos Acadêmicos Paulo Hoff, Pietro Novellino, Jorge Alberto Costa e Silva (Presidente), Daniel Tabak e Maurício Magalhães

A palestra seguinte foi realizada pela Dra. Maira Caleffi que possui graduação em Faculdade de Medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1981), graduação em Faculdade de Farmácia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1980), doutorado em Guy’s Hospital Medical School – University of London (1991) e pós-doutorado em Vanderbilt University – Nashville (USA) (1993). A Dra. abordou o tema “A Importância Das ONGS: Grupos de Pacientes no Controle do Câncer”.

As organizações de pacientes têm um importante papel a desempenhar na mobilização e empoderamento da sociedade no controle social das políticas públicas, intervindo junto aos governantes como instrumento formulador das mesmas, que auxilia na promoção do acesso ao diagnóstico e tratamento no tempo certo, como a FEMAMA trabalha, com objetivo de diminuir a mortalidade por câncer de mama no Brasil. A ONG tem um planejamento estratégico que vai até 2022 com objetivo de 95% de cura e 100% de atenção integral ao paciente oncológico, com qualidade de vida em todas as fases da doença.

Seguindo o simpósio, foi a apresentação da Dra. Daniela Gianotti que possui graduação em Abi – Medicina pela Universidade de São Paulo (1999). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Radiologia Médica. Mestre em Ciências da Saúde (2015) pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês. A doutora discursou em torno da temática “Detecção precoce: mamografia x ressonância – Risco do sobrediagnóstico”.

Sobrediagnóstico é a consequência mais indesejada do rastreamento; tratamentos desnecessários, viés de efetividade de tratamento ou estimativa de sobrevida, auto custo para a saúde, o que dificulta a efetividade dos programas de rastreamento. O rastreamento mamográfico contribui para a redução da mortalidade pelo câncer de mama, sendo observado um aumento da identificação de lesões na fase pré invasora sem uma proporcional redução da mortalidade pela doença, alguns estudos apontam a necessidade de se repensar o rastreamento, já que não existe uma forma de prever quais os canceres detectados no rastreamento causarão doença ou morte e a opção atual é tratar todos. A aplicação de novas tecnologias como Radiomics para a extração de características das imagens transformadas em dados mineráveis podem ser empregadas como modelos de predição com o objetivo de diferenciar o carcinoma de alto grau e baixo grau.

O Acadêmico Maurício Magalhães Costa, que ministrou a palestra “Papel da Mastectomia Profilática em Pacientes BRCA Mutadas e não Mutadas”. O Membro Titular desta instituição secular possui graduação pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1981), mestrado no Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), master Business Administration (MBA) Executivo em Saúde, no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), em 2000 e 2001, doutorado em Ciência (1993-1997) pela UFRJ e pós-Doutorado (2008) no Departamento de Fármacos da UFRJ.

Inicia sua palestra por apontar os fatores de avaliação como de risco para o câncer de mama, sendo eles epidemiológicos, histológicos e genéticos. A cirurgia redutora de risco para câncer de mama se baseia na remoção cirúrgica de parte do tecido mamário com a finalidade de diminuir a chance do desenvolvimento de câncer de mama, aumentar sobrevida e tem melhores resultados estéticos. Sua incidência desde 1988 tem aumentado de forma significante, com um incremento de 150% onde pacientes mais jovens tem maiores benefícios da cirurgia, e estudos clínicos demonstram redução de 90% na incidência da doença e de 81 a 94% no risco de morte por câncer de mama.

Dando sequência ao simpósio, outro ilustre Membro Titular palestra com a temática: “Imunoterapia no Câncer de Mama -Hype x Hope”. O Acadêmico Daniel Tabak graduou-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1979, concluindo residência médica na UFRJ (1981). Focando no ciclo da imunidade, fala sobre a mutação de neoantígeno que é mais presente em doenças como melanoma, câncer de pulmão e frequentemente encontrado nos canceres de mama. Uma comparação é feita nas drogas que atuam nos inibidores desses antígenos, e seus efeitos colaterais no tratamento de câncer de mama, como a gastrite, celebrite e hipófise.

A palestra seguinte “Projeto AMAZONA – Dados Preliminares de Câncer de Mama no Brasil” foi proferida pelo Dr. José Bines possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tendo feito sua residência na Clínica Médica pela UFRJ e Rush-Presbyterian-St. Luke’s University, Chicago. O Fellowship foi na área de Oncologia pela Northwestern University, Chicago e é doutor em Oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer.

O projeto AMAZONA é uma iniciativa do GBECAM, cujo objetivo foi realizar um levantamento epidemiológico nos anos de 2001 e 2006 com seguimento do mesmo de 2011 a 2012 em pacientes com câncer de mama no Brasil. Dr. Bines exibiu os dados da sobrevida de cada paciente tratadas em instituições públicas, privadas e filantrópicas. É importante notar que, no momento do diagnóstico, as pacientes do sistema público demonstram doença mais avançada e, por isso, ocorre um maior número de cirurgia com mastectomia ao invés de cirurgias conservadoras. Estudos epidemiológicos, básicos, translacionais e clínicos são fundamentais para a melhoria dos cuidados de câncer de mama no país.

Encerrando o simpósio, o Acadêmcio Paulo Hoff proferiu sua palestra. O brilhante médico e Membro Titular da ANM possui graduação em Medicina pela Universidade de Brasília (1991), doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (2007). Realizou sua Residência em Medicina Interna no Jackson Memorial Hospital da Universidade de Miami, tem especialização em Hematologia no Baylor College of Medicine e especialização em Oncologia no M. D. Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas. Seu tema é “Valor versus Custo: Incorporação de Novas Drogas no SUS”.

Uso de drogas que bloqueiam o crescimento e disseminação do câncer pela interferência em moléculas específicas envolvidas na carcinogênese e crescimento tumoral, porém o caminho para a incorporação de medicações do SUS passa por um dilema dentro das agências reguladoras, de tempo, coleta de informações e segurança, já que os recursos do SUS são finitos. O Acadêmico Hoff termina por afirmar que o modelo atual é inteligente, mas precisa de adequações, como: aumentar a representatividade médica e de usuários; os critérios para incorporação ou rejeição precisam ser mais claros; transparência e evoluir com estudos de farmacoeconomia no SUS.

A sessão dá-se por encerrada após uma rodada de dúvidas e agradecimentos por parte dos palestrantes e do Presidente da Academia Nacional de Medicina, oficializando o encontro do dia 10 de Outubro de 2019 como eximiamente satisfatório e impulsionando os presentes a continuarem com seus trabalhos.

Para melhorar sua experiência de navegação, utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes. Ao continuar, você concorda com a nossa política de privacidade.