As atividades científicas da Academia Nacional de Medicina na última quinta-feira (22) foram dedicadas à Cirurgia Plástica, especialidade médica que observou um aumento de cerca de 25% no número de procedimentos no país em comparação ao ano de 2016, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). O país ocupa a segunda colocação no ranking mundial de número de cirurgias, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Sob organização dos Acadêmicos Talita Franco, Claudio Cardoso de Castro e José Horácio Aboudib, o Simpósio reuniu especialistas de diversas áreas da especialidade, discutindo os principais desafios e perspectivas futuras para o ramo.
A primeira apresentação ficou a cargo do Dr. Níveo Steffen (Presidente da SBCP), que abordou “Cirurgia Reconstrutora do Nariz”. Em sua conferência, apresentou um importante histórico da evolução das técnicas aplicadas, apontando que os primeiros registros remontam ao ano 2000 a.C. Após apresentar diferentes casos clínicos e as técnicas utilizadas na abordagem terapêutica, o médico finalizou sua apresentação ressaltando que, para que seja alcançado o melhor resultado possível com o menor tempo cirúrgico, é necessário um minucioso planejamento aliado à aplicação dos fundamentos da cirurgia reconstrutora do nariz.
Na sequência, com palestra acerca de “Plástica da Face”, o Dr. Benjamin de Souza Gomes Filho (SBCP) abordou passo a passo do planejamento cirúrgico, apresentando casos de cirurgias desempenhadas por ele, que incluíram casos de excedente cutâneo em região submentoniana, tratamento das bandas plastismais e pontos de contensão nas ritidoplastias.
Abordando “Fissuras Labiopalatais”, o Dr. Diogo Franco (UFRJ) afirmou que trata-se de malformações congênitas caracterizadas por aberturas ou descontinuidade das estruturas do lábio e/ou palato, de localização e extensão variáveis. No Brasil, a cada 650 nascimentos, um bebê pode desenvolver a doença, segundo dados do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da Universidade de São Paulo (USP). Sobre a abordagem para estes pacientes, salientou a importância de uma equipe multidisciplinar, visto que a doença pode ocasionar comprometimento da estética, dentição, audição e fala.
Coube ao Dr. Rolf Gemperli (USP) abordar “Mamoplastia”, ressaltando que este é o terceiro tipo de cirurgia mais realizada no Brasil. Sobre a abordagem cirúrgica, chamou atenção para as diferentes técnicas existentes, afirmando que a seleção daquela considerada mais adequada vai depender de uma correta avaliação por parte da equipe cirúrgica. Abordou, ainda, a avaliação dos resultados, que deverá ser feita considerando três fatores: forma, simetria e posição do CAP, em uma análise baseada em evidências. Concluiu destacando que não existe técnica ideal para todos os casos e que os resultados são dependentes da curva de aprendizado do cirurgião, que deverá se adaptar às novas técnicas a serem descobertas.
Acerca de “Linfoma Anaplásico de Grandes Células”, o Dr. Alexandre Piassi (Hospital Sírio-Libanês) classificou-o como um distúrbio linfoproliferativo das células T associado a implantes mamários. Chamou atenção para o fato de que, apesar do crescente número de casos identificados, são poucas as publicações que tratam do tema. Segundo o médico, no Brasil foram 19 casos relatados, dos quais 12 foram checados, 1 publicado como relato de caso e 1 óbito. No entanto, apesar de se tratar de uma complicação rara das próteses mamárias, facilmente tratável e com taxa de cura acima de 95%, destacou a importância de uma mobilização a fim de aumentar a visibilidade e os estudos sobre esta doença, dado o número de mulheres brasileiras com implantes mamários atualmente.
Depois, foi a vez do Dr. André Maranhão (Presidente da Regional RJ da SBCP) abordar “Cirurgia Pós-Bariátrica dos Membros Superiores e Inferiores”, afirmando que a cirurgia bariátrica representou uma evolução nos conceitos da cirurgia plástica. No entanto, na medida em que proporciona uma recuperação da condição de saúde através da perda ponderal e da reeducação alimentar, se faz necessária a recuperação social dos indivíduos pela readequação da sua relação corporal. Na sequência, abordou diversos casos cirúrgicos de lipodistrofia de braços e coxas, discorrendo sobre as diferentes técnicas utilizadas e o prognóstico para os pacientes.
Acerca de “Ritidoplastia” falaram o Dr. Marcelo Rodrigues da Cunha Araújo (Hospital Albert Einstein) e o Dr. Farid Hakme (ex-Presidente da SBCP e da Associação de ex alunos do Dr. Ivo Pitanguy), que abordaram os principais avanços da cirurgia que também é conhecida como lifting facial. O procedimento procura diminuir a flacidez e atenuar as rugas da face e pescoço, assim como remover os excessos de gordura localizada nestas áreas, dando ao rosto uma aparência mais jovial.
Sobre implantes falou o Dr. João Medeiros (UFRJ), ressaltando o papel destes tanto na cirurgia estética quanto na cirurgia reconstrutora. Apresentou diversos casos cirúrgicos dos quais participou, chamando atenção para a aplicação clínica mais comum em cada caso, abordando implantes faciais (de mento), de glúeto, de panturrilha e de mama. Abordou, ainda, a importância dos implantes na chamada Síndrome de Poland, que consiste em uma deformidade rara que afeta a região torácica e é caracterizada pelo subdesenvolvimento ou ausência do músculo peitoral maior de um lado do corpo.
Abordando “Blefaroplastia”, o Dr. Sergio Lessa (UERJ) afirmou que o envelhecimento periorbitário envolve uma complexa relação entre a queda dos tecidos, degeneração cutânea, alterações ligamentares e perda de volume de tecido gorduroso e ósseo. Ressaltou, ainda, que a blefaroplastia evoluiu das grandes ressecções de pele, músculo orbicular e gordura orbitária para um procedimento mais conservador, com pequenas ressecções musculares e gordurosas, preservação ou transposição das bolsas gordurosas. Destacou que, com a evolução das pesquisas científicas, foram desenvolvidas as lipotransferências periorbitárias que em muitos casos podem ser incorporadas as blefaroplastias.
O Simpósio foi encerrado com a conferência do Dr. Volney Pitombo sobre “Rinoplastia”, na qual o médico destacou que a cirurgia de nariz é a que possui maior potencial estético, em decorrência de seu caráter harmonizador. Na sequência, apresentou um histórico da evolução da cirurgia, ressaltando que as técnicas utilizadas atualmente permitem uma cirurgia menos traumática, com pouca retirada da estrutura nasal, dando ênfase na remodelagem das cartilagens. Afirmou, ainda, que o melhor resultado da rinoplastia é um nariz belo e que parece nunca ter sido operado; em outras palavras, o nariz de aparência natural é considerado o gold standart das rinoplastias.