Academia Nacional de Medicina reúne especialistas em Câncer Colorretal em Simpósio

08/08/2019

Na última quinta-feira (8), a Academia Nacional de Medicina realizou mais um evento científico, desta vez abordando o tema Câncer Colorretal. O Simpósio, organizado pelos Acadêmicos Glaciomar Machado e José Galvão-Alves, contou com uma estrutura diferenciada, com apresentações de 5 a 10 minutos, onde diferentes especialistas abordaram a doença sob diferentes perspectivas. Dividido em 5 módulos, o Simpósio discorreu sobre fatores de risco, diagnóstico, tratamento, o papel da endoscopia e o papel desempenhado pelas sociedades médicas e especializadas nos programas de prevenção.

Acadêmicos José Galvão-Alves, Jorge Alberto Costa e Silva (Presidente) e Ricardo Cruz

Após as notas de abertura feitas pelos organizadores do Simpósio, o Acadêmico José Carlos do Valle discorreu sobre a importância do tema, ressaltando que, nos Estados Unidos, o câncer colorretal é a terceira principal causa de morte relacionada ao câncer em homens e mulheres. Sobre a redução destas taxas, destacou a importância do rastreamento precoce de pólipos, possibilitando que a doença seja diagnosticada precocemente, quando é mais fácil de ser tratada e curada. Além disso, o tratamento do câncer colorretal evoluiu bastante nos últimos anos.

Na primeira etapa do Simpósio, na qual foram abordados os fatores de risco para desenvolvimento do câncer colorretal, coube ao Dr. André Luz Moreira abordar a associação da doença com a história familiar do paciente, destacando a importância de fatores como a estimativa do risco individual, a identificação de famílias de alto risco e a realização de um screening apropriado. Discorrendo sobre a influência dos hábitos alimentares, o Dr. Fábio Miranda chamou atenção para a possibilidade de reduzir, por meio da dieta, o risco de desenvolvimento de câncer colorretal, reduzindo o consumo de carne vermelha e processada e aumentando o consumo de fibras, frutas, vegetais e cereais.

Já sobre doença inflamatória intestinal falou o Acadêmico Eduardo Lopes Pontes, destacando a evolução da doença, que corresponde a um índice cumulativo que chega a 18% em 30 anos. Sobre os fatores predisponentes da doença, destacou a instabilidade cromossomial, a existência de baixos níveis de instabilidade de microsatélitos, perda da função de p53 e o envelhecimento. Encerrando o primeiro módulo, o Acadêmico Carlos Alberto Basílio de Oliveira procedeu com a classificação dos pólipos colorretais, que podem originar-se devido à inflamação, maturação anormal da mucosa, anormalidade da arquitetura ou proliferação e displasia.

O segundo módulo do Simpósio, dedicado ao diagnóstico, contou com apresentações feitas pelos Acadêmicos José Galvão-Alves, Paulo Hoff e Glaciomar Machado, que discorreram, respectivamente, sobre O Sangue Oculto Positivo nas Fezes, Os Marcadores Tumorais e a Colonoscopia no Diagnóstico do Câncer Colorretal. A rodada de apresentações com o tema “diagnóstico” foi encerrada com a apresentação do Dr. Amarino de Oliveira Jr., que discorreu sobre colonoscopia virtual, ressaltando que algumas das principais vantagens do método incluem o caráter não-invasivo e o fato de que permite estudar segmentos do cólon de difícil acesso e a detecção de pólipos maiores que 7mm.

Na sequência, os conferencistas dedicaram-se ao tratamento do câncer colorretal. Esta etapa iniciou-se com a apresentação do Acadêmico Daniel Tabak, que discorreu sobre quando indicar o tratamento monoclonal, capaz de, em determinados casos, reconhecer antígenos com importância patogênica em tumores. Discorrendo sobre o tratamento com a cirurgia tradicional, o Honorário Nacional Flávio Quilici chamou atenção para o fato de que, na metanálise, não foi identificada diferença estatística na comparação entre a cirurgia convencional e a cirurgia videolaparoscópica quanto às complicações, mortalidade hospitalar e a necessidade de ostomias. Além deste fato, ambas as técnias apresentam eficácia e segurança similares. Na sequência, o Acadêmico Raul Cutait e o Dr. Eduardo Linhares abordaram, respectivamente, a cirurgia laparoscópica e a cirurgia robótica.

Ainda no âmbito do tratamento do câncer colorretal, o Acadêmico Paulo Hoff discorreu sobre “Adjuvância em Câncer de Cólon: menos é mais”, apresentando os resultados dos estudos desenvolvidos pelo acadêmico em pacientes em diferentes estágios da doença ressaltando que a seleção dos pacientes que mais se beneficiarão do tratamento e as ações para minimizar a toxicidade do tratamento são de grande importância. Encerrando esta etapa, o Dr. André Arantes Pereira de Azevedo abordou a radiologia intervencionista no tratamento das metástases hepáticas colorretais.

Em seguida, foi iniciado o módulo dedicado à análise do papel da endoscopia no tratamento da doença, aberto com a conferência do Acadêmico Glaciomar Machado, que abordou a polipectomia. Na sequência, o Dr. Antonio Carlos C. Conrado abordou a Mucosectomia, ressaltando que, apesar das crescentes evidências que favorecem o uso de terapias preservadoras de órgão, a endoscopia ainda não é standard oncológico. Depois, foi a vez do Acadêmico e patologista Carlos Alberto Basílio discorrer sobre os critérios histopatológicos utilizados para a determinação na conduta no tratamento. O módulo foi encerrado com mais uma intervenção do Acadêmico Glaciomar Machado, desta vez discorrendo sobre a descompressão no câncer colorretal obstrutivo, ressaltando que as emergências por obstrução do cólon possuem um alto risco cirúrgico por comorbidades.

A última etapa do Simpósio foi marcada pela apresentação dos programas de prevenção do câncer colorretal em diferentes sociedades médicas de especialidades. Foram ouvidas manifestações por parte do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, das Sociedades Americana e Europeia de Endoscopia Digestiva, da Organização Mundial de Endoscopia Digestiva e, por fim, a conferência do Dr. José Galvão-Alves sobre as diretrizes adotadas pela Organização Mundial da Saúde.

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