Na noite da última quinta-feira, 9 de agosto, foram realizadas na Academia Nacional de Medicina as conferências “Recentes Progressos: Câncer de Tireoide e Medicina Nuclear” e “O Estado da Arte da Avaliação Axilar do Câncer de Mama” Apresentados pelos Acadêmicos José Galvão-Alves e Mauricio Magalhães Costa, os especialistas Isabella Palazzo e Armando Giuliano, realizaram palestras sobre os temas.
A médica nuclear Isabella Palazzo, do Hospital Pró-Cardíaco e Hospital Vitória, apresentou o tema “Recentes Progressos: Câncer de Tireoide e Medicina Nuclear”, abordando a eficácia de terapias radioativas no tratamento do carcinoma diferenciado de tireoide (DTC) e indicando o sistema de classificação para os estágios da doença. Segundo ela, o DTC e o carcinoma papilar e folicular de tireoide representam cerca de 93% dos carcinomas de tireoide e possuem prognóstico favorável. No entanto, aproximadamente 5% dos pacientes com DTC apresentam doença agressiva, metastática, que não respondem a terapia com iodo radioativo e estão associadas a pior prognóstico.
A especialista discorreu sobre a ação do medicamento Selumetinib no câncer de tireoide com diferentes mutações gênicas, ressaltando que a substância produz aumento na captação e retenção de iodo em pacientes com câncer de tireoide refratário, e que a eficácia pode ser ainda maior em pacientes com doença mutante RAS (RAt Sarcoma vírus). Por fim, Dra. Palazzo apresentou estudos referentes ao uso da substância 177Lu-DOTATATO no tratamento de carcinomas de tireoides iodo-refratários, concluindo que a eficácia da terapia é limitada em pacientes com DTC avançado, devendo ser considerada com cuidado em cada paciente. Afirmou ainda que futuros estudos prospectivos em relação ao medicamento são necessários, incluindo critérios de seleção e dados de sobrevivência.
Em seguida, o Dr. Armando E. Giuliano realizou conferência intitulada “O Estado da Arte da Avaliação Axilar do Câncer de Mama”, abordando a ascensão e queda do uso de Linfadenectomia no câncer de mama – técnica baseada na retirada cirúrgica de uma pequena parte do sistema linfático para impedir metástases ganglionares. Em sua introdução, o oncologista relatou o processo de descoberta da anatomia linfática e dos vasos que se tornam nódulos causadores do câncer de mama, nos séculos XVII e XVIII, descrevendo a evolução no tratamento da doença, as primeiras cirurgias de dissecção de nódulos no século XIX, a Mastectomia radical e a Linfadenectomia.
De acordo com Dr. Giuliano, os avanços na ciência, pesquisa, e análises estatísticas permitiram uma compreensão melhorada do conceito de metástase, o que gerou um questionamento entre os pesquisadores da época em relação ao sistema linfático como a única via de metástases e dos nódulos como condutores. O especialista apresentou estudos de 1966 do cirurgião Bernard Fisher, pioneiro no tratamento de câncer de mama, que indicavam a indistinção entre vias linfáticas e hematogênicas na formação de metástases.
Em sua conclusão, o médico demonstrou a eficácia de diferentes técnicas além da mastectomia total e radical, como a dissecção de linfonodos axilares e a biópsia do linfonodo sentinela. Afirmou, por fim, que atualmente a maioria das pacientes de câncer de mama não precisa de dissecção de linfonodos axilares, e que em breve qualquer tipo de linfadenectomia, incluindo a biópsia de linfonodo sentinela, será desnecessária, declarando que o futuro da ciência do câncer de mama será o estudo da anatomia genômica.