Organizado pelo Acadêmico Jorge Rezende Filho e pela Profª. Carmen Fróes Asmus, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FM/UFRJ), o simpósio II Seminário Brasileiro de Saúde Materno Infantil e Poluentes Ambientais, que começou pela manhã na Academia Nacional de Medicina (ANM), continuou no período da tarde com mais duas mesas e duas palestras sobre o papel da universidade.
A mesa três abriu a tarde de apresentações com a coordenação do Prof. Herling Alonzo, da Universidade Estadual de Campinas, abordando os temas Poluentes Ambientais e Desenvolvimento Infantil. A palestra inicial foi feita pela Profª. Patricia Lisboa, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sobre Contaminantes Ambientais e origem perinatal das doenças metabólicas – Evidências Experimentais. Ela explicou que esse é um projeto sobre como a gestação e alimentação influenciam os processos metabólicos. O estudo abrange a lactação, gestação, tabagismo materno, poluentes, alimentos e desreguladores endócrinos. Ela ressaltou que a fase inicial infantil, os primeiros mil dias, são de suma importância para o desenvolvimento e enfatizou que a obesidade também está ligada à exposição de poluentes e ao tabagismo materno, mostrando artigos sobre os assuntos como comprovação.
O tema Fronteiras em Endocrinologia Experimental: Desreguladores Endócrinos e Tireoide, foi ministrado pelo Prof. Leandro Miranda, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ. Ele reforçou que a poluição ambiental e os agrotóxicos são grandes desreguladores, mesmo que propagandas tivessem sido veiculadas durante os anos 60. Essa exposição possui diversos malefícios ao ser humano, principalmente para crianças, e a pesquisa feita pelo Prof. Leandro tem o intuito de estudar os impactos na tireoide.
A Profª. Andrea Fonseca Gonçalves, da Faculdade de Odontologia da UFRJ, ministrou a palestra sobre Exposição a Poluentes Ambientais e Desenvolvimento Dentário, ressaltando os defeitos causados pelo contato com poluentes ambientais, que podem gerar problemas, inicialmente, nos dentes de leite e é um processo que acontece ainda no útero. Foi explicado como funciona a pesquisa e o trabalho feito juntamente com a PipaUFRJ, no qual o intuito é entender o efeito na estrutura do esmalte do dente, afirmando, no fim da palestra, que esse é um problema de saúde pública.
Para finalizar a mesa três, a Profª. Maria Isabel Kós, do Departamento de Fonoaudiologia da FM/UFRJ, apresentou o tema Exposição a Poluentes Ambientais e a Saúde Auditiva, revelando que até 2050, boa parte da população apresentará algum problema auditivo. Com essa informação, ela explicou quais os poluentes podem afetar a audição do ser humano e como é possível que isso aconteça, não somente em crianças mas também em adultos.
A última mesa do simpósio teve como tema os Biomarcadores de Exposição em Saúde Materno-Infantil, coordenado pelo Prof. Eduardo Faerstein, da UERJ. A palestra que abriu a discussão foi feita pelo Dr. Marcelo de Oliveira Lima, do Instituto Evandro Chagas do Pará (IEC/PA), sobre o tema Investigação de comunidades indígenas expostas ao mercúrio na região da Bacia do Tapajós – Enfoque epidemiológico, clínico e toxicológico em mulheres grávidas e crianças. Ele explicou o funcionamento do projeto da Seção do Meio Ambiente, os equipamentos usados e o financiamento recebido. A pesquisa visa estudar grávidas, lactantes, puérperas e crianças indígenas, de até dois anos, da Bacia dos Tapajós que foram expostas a mercúrio e quais são os efeitos nelas. Esse programa tem o intuito e o desejo de capacitar especialistas em saúde ambiental.
O tema Exposição a Agrotóxicos e Impactos na Saúde Materno-Infantil deu sequência as apresentações. Ministrado pela Drª. Ana Cristina Simões Rosa, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Fiocruz, foi explicado o caminho feito pelos agrotóxicos na agricultura, assim foi possível entender a necessidade de programas como da testagem da qualidade da água potável. Drª Ana Cristina reforçou que até mesmo inseticidas de uso doméstico podem ser prejudiciais a saúde das grávidas e alguns produtos entre a lista dos mais vendidos geram efeitos neurotóxicos, além de impactos no sistema nervoso central, imunológico, lesões hepáticas e renais, e câncer.
Finalizando essa mesa, a Profª. Mônica Marques Calderari, do Instituto de Química da UERJ, apresentou sobre Exposição Humana a Microplásticos. Ela explicou sobre o uso dos plásticos, desde o início até os tempos atuais, uma verdadeira linha do tempo referente ao assunto, sem deixar de mencionar os impactos no meio ambiente. Quanto a isso, a professora afirmou: “Nós não vamos ficar livre dos plásticos, podemos reduzir os impactos”. A pesquisa revelou dados alarmantes sobre o assunto, identificando amostras em quatro placentas estudadas e no leite materno, uma semana após o parto. Mas os dados são recentes e ainda não é possível analisar quais são os impactos na vida das crianças.
Após um breve intervalo, o simpósio retornou para o seu momento final. A reitora da UFRJ, Profª. Denise Pires de Carvalho, ministrou a primeira parte do tema Saúde, Ambiente e o Papel da Universidade. Nesse momento, ela destacou que o papel da universidade é levar conhecimento para áreas afastadas com times interdisciplinares de pesquisa. Por isso, é necessário haver investimento em ciência, tecnologia e inovação. E o Acadêmico Paulo Saldiva apresentou a segunda parte do tema, abordando com lindas palavras a sua visão pessoal sobre o assunto, ressaltando a importância da pesquisa e do cenário político.
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