No dia 07 de setembro, dando continuidade ao Curso de Atualização em Ciências Médicas da ANM, tivemos a nossa primeira atividade virtual do Curso, com o tema saúde pública para o clínico-geral, ministrada pelo Acadêmico Paulo Buss.
O Acadêmico Paulo Buss é graduado em medicina pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), especialista em pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), especialista em Saúde Pública pela FIOCRUZ e mestre em Medicina Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Foi Presidente da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e da Federação Mundial de Saúde Pública. Atualmente é Diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS) da Fiocruz e consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS). É membro titular da ANM, ocupando a cadeira nº 44.
A aula “Saúde Pública para o Clínico” teve o seu conteúdo e material para estudo selecionados pelo Acadêmico palestrante, que enviou a todos os alunos, através do aplicativo whatsapp, o material completo. Os alunos tiveram uma semana para estudar e interagir com o conteúdo enviado e emitir suas dúvidas e perguntas.
O material enviado para os alunos se dividia em três partes. Na primeira, expôs a íntima relação existente entre Saúde Pública, Medicina e Sociedade, além de apresentar conceitos inerentes à Saúde Pública. Na segunda parte, apresentou e debateu os chamados Determinantes Sociais da Saúde. E no último terço da aula discutiu a importância de conhecermos a História Natural da Doença e como o clínico deve atuar em seu cotidiano, sempre visando a prevenção do próximo estágio da doença em seus pacientes.
Quanto a relação entre Saúde Pública, Medicina e Sociedade, o Acadêmico nos lembrou que o processo saúde-doença e os cuidados individuais e coletivos em saúde são socialmente produzidos. Afirmou ainda que conceitos e práticas em saúde pública são indissociáveis da organização social (política, poder, ideologia e cultura) e do conhecimento de diversos campos.
Ainda nesta primeira parte, o material conceituava alguns termos importantes da área, como ‘saúde’, ‘enfermidade’, ‘medicina’ e ‘saúde pública’. E alguns alunos retiraram suas dúvidas e esclareceram alguns conceitos que traziam ainda pouco claros em suas mentes. Citamos aqui a definição apresentada de Saúde pública: campo de conhecimentos e práticas cujos compromissos sociais e históricos são o de identificação das condições de saúde da população e de seus determinantes sociais, econômicos e ambientais, bem como a formulação e implementação de políticas e propostas de intervenções resolutivas, principalmente através de instituições públicas, visando enfrentar as mencionadas condições e seus determinantes e para melhorar, promover, proteger e restaurar a saúde da população, com a mobilização de diversas forças sociais e setores governamentais.
Na segunda parte da apresentação, o material debateu aquilo que são denominados “Determinantes Sociais da Saúde”. Mostrou, através de um gráfico extremamente didático, que os determinantes começam no indivíduo, ao analisarmos fatores como idade, sexo, hereditariedade e outros fatores individuais. Depois, explicou que o estilo de vida de cada indivíduo influencia na sua condição de saúde, demonstrando que já neste momento se inicia a influência dos determinantes sociais na saúde deste indivíduo. Ao retirar dúvidas, o Prof. Paulo Buss afirmou que quando analisamos as redes sociais, comunitárias e de relacionamento de um cidadão, notamos a influência destes aspectos na maior ou menor probabilidade de cada indivíduo vir a ser acometido, ou não, por determinada patologia. As condições de vida e trabalho são outros determinantes sociais que têm associação com as condições de saúde deste cidadão.
– Além disso, envolvendo todos esses aspectos, temos os determinantes sociais de ordem geral, como condições socioeconômicas, culturais e ambientais de uma comunidade, sociedade ou país – afirmou o palestrante.
Na terceira e última parte do material, se discutiu os desafios contemporâneos da promoção da saúde e da prevenção, na clínica e na saúde pública. O material afirmava que a Promoção da Saúde tem caráter não-específico, atacando os determinantes sociais mais gerais, como aumento da renda, melhoria das condições de trabalho, sociais, ambientais etc. E também afirmava que a Prevenção, esta sim, é mais específica para uma determinada situação de risco ou patologia.
Ainda sobre a questão da prevenção, o palestrante expôs, durante o debate com os alunos, que o clínico sempre está, durante sua atuação, fazendo prevenção, seja esta primária (promoção da saúde e prevenção específica), secundária (diagnóstico e tratamento precoce ou limitação da invalidez) ou terciária (reabilitação). Além disso, mostrou que as principais estratégias de prevenção, na clínica médica, são: o rastreamento clínico-laboratorial, que visa a detecção precoce de problemas de saúde (exames periódicos como papanicolau, palpação da mama, realização de exames laboratoriais de colesterol, triglicerídeos etc); os aconselhamentos durante as consultas, atividade que visa contribuir para a mudança de condutas ou comportamentos pessoais nocivos (como sedentarismo, uso de álcool ou tabaco, comportamento sexual etc); e as imunizações e profilaxias (como vacinação, o uso de AAS para evitar o infarto agudo do miocárdioetc).
Ao fim, o material selecionado pelo Prof. Paulo Buss continha o seguinte link para o aprofundamento dos alunos:
https://www.uspreventiveservicestaskforce.org/BrowseRec/Index/browse-recommendations
Esta página da web, segundo o professor, contêm muitos programas e guidelines, de várias instituições mundiais, todos baseados em evidências, para a consulta dos alunos quanto a procedimentos de promoção e prevenção de agravos à saúde.