Nesta quinta, dia 1º de junho, as Arboviroses foram tema do Curso de Atualização em Ciências Médicas da ANM. A aula que expôs aspectos da zika, chikungunya, dengue e febre amarela foi ministrada pelo Prof. Rivaldo Venâncio da Cunha.
O Prof. Rivaldo Venâncio é graduado em Medicina pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Mestre, Doutor e Pós-doutor em Medicina Tropical (FIOCRUZ). Atualmente é Professor Titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), docente colaborador do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, assessor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e um dos organizadores do livro “Dengue – Teorias e Práticas”.
Após uma breve introdução pelo Acadêmico e coordenador do curso Paulo Marchiori Buss, a aula foi dividida pelo Professor Rivaldo Venâncio em duas partes principais: discutir a epidemiologia e questões de saúde pública relacionadas a estas doenças; e expor a melhor forma de manejo clínico (diagnóstico e tratamento) das arboviroses.
Em relação à saúde pública, o professor ressaltou que, após três décadas de epidemia de dengue, o fato de ainda serem registradas mortes por esta patologia é sempre consequência de um erro. Ou do doente (que subestimou os sintomas), ou do sistema público (que não conseguiu atender este doente), ou dos profissionais do sistema (que não perceberam a gravidade do caso).
Fez também uma crítica à organização do sistema de saúde brasileiro, que em sua opinião ainda não está preparado para lidar com as arboviroses e eventuais epidemias. E aproveitou para mostrar, como exemplo, o aumento do número de casos de notificação de chicungunha: em 2015 foram em torno de 38.000 casos e em 2016 o número subiu para 270.000 casos.
Aspectos epidemiológicos da zika e febre amarela também foram apresentados e debatidos.
Quanto ao manejo clínico das Arboviroses, o professor Venâncio optou por apresentar o manejo da Chikungunya e ir debatendo, em cima desta patologia, as diferenças quanto à conduta das outras Arboviroses.
A tríade clássica da Chikungunya, segundo o palestrante, seria: febre e artralgia (em quase 100% dos casos) associadas a manifestações cutâneas. Numa fase aguda, podem ocorrer também manifestações neurológicas (como tonteira, delírios etc) e até insuficiências renal e hepática.
Em relação ao tratamento, de acordo com o professor Venâncio, o manejo da dor depende da fase: aguda, pós-aguda ou crônica.
Na fase aguda, os analgésicos (dipirona ou paracetamol) devem ser utilizados. Se a dor for intensa, deve-se associar um opióide, como o tramadol. Caso não ocorra melhora do quadro álgico do paciente, deve ser avaliado se há um componente neuropático associado à dor e pode-se usar um dos três medicamentos: amitriptilina, trazodona ou gabapentina.
Na fase pós-aguda, o tratamento deve se iniciar com os AINES e se a dor for intensa ou não houver resultados com os AINES, o corticoide (prednisona) pode ser utilizado.
Na fase crônica devemos usar a Hidroxicloroquina (isolada ou associada com sulfassalazina). Caso a dor persista, o metotrexate pode ser uma boa opção.
O professor lembrou também de recomendações gerais que devem ser utilizadas com cada paciente, como a fisioterapia, a psicoterapia e cuidado com o sobrepeso (para evitar maiores danos às articulações).
Por fim, o professor Venâncio informou que há Manuais de Conduta confeccionados por autoridades sanitárias brasileiras para o manejo das Arboviroses e que estes Manuais podem ser encontrados tanto no site da FIOCRUZ quanto no site do Ministério da Saúde.