No dia 5 de agosto de 2021, a Academia Nacional de Medicina promoveu o Simpósio de Pesquisa dos Jovens Líderes – Oportunidades de Colaboração, durante o qual 17 dos membros do Programa Jovens Lideranças Médicas (JLM) da ANM apresentaram seus trabalhos e áreas de atuação, consagrando a excelência dos médicos selecionados.
O Programa de Jovens Lideranças Médicas da ANM é uma iniciativa criada em 2014 e inspirada no Young Physician Leaders, da Rede Global de Academias de Medicina.
No campo da oncologia, vários médicos convidados. Entre os quais, Luiz Henrique Medeiros Geraldo, da Yale University, que abordou novas imunoterapias para tumores do Sistema Nervoso Central; Almir Bitencourt e Louise De Brot Andade, ambos do A.C. Camargo Cancer Center, que falaram respectivamente sobre o papel dos exames de imagens para o tratamento dos pacientes e a importância da anatomia patológica. O especialista Paulo Henrique Rosado de Castro, da UFRJ, acrescentou sua expertise à área de imagens moleculares. O jovem médico Daniel Vilarim Araújo, do Hospital de Base de São José do Rio Preto e um dos coordenadores do evento, trouxe aspectos da manipulação microbiana intestinal como adjuvante no tratamento oncológico. No campo materno-infantil, falaram os médicos Antônio Rodrigues Braga Neto, da Federal do Rio de Janeiro, e que comentou os avanços para o tratamento das anomalias benigna e maligna da placenta; e o médico Marcos Nakamura Pereira, do Instituto Fernandes Figueira da Fiocruz, que contou sobre a pesquisa “Nascer no Brasil” – inquérito nacional em mais de 450 hospitais brasileiros e que acompanhou mais de 24 mil mulheres.
Ao comentar as apresentações, o acadêmico Gilberto Schwartsmann, coordenador do evento, ressaltou a qualidade dos projetos que envolvem vários talentos; as “grandes avenidas” que se abrem em novas possibilidades de parcerias; e como a ANM pode contribuir na geração de parcerias futuras e no fomento de novas ações.
Na área de preservação de órgãos para transplantes o convidado foi o médico Yuri Longatto Boteon, do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Já Márcio Fernandes Chedid, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, comentou sobre os transplantes em pacientes com 70 e 80 anos e uma sobrevida equivalente aos doadores jovens. Os trabalhos de Boteon e Chedid foram comentados pelo acadêmico Silvano Raia – cirurgião pioneiro nos transplantes de fígado no país.
A oftalmologia foi outro tema apresentado pelos médicos do programa JLM. O médico Caio Regatieri, da Unifesp, ressaltou as aplicações dos algoritmos para auxiliar médicos no diagnóstico de doenças oftalmológicas; a doutora Alléxya Affonso Antunes Marcos, da mesma universidade, apresentou casos clínicos do Xeroderma Pigmentoso – uma doença genética rara, caracterizada por um defeito no reparo de DNA e que afeta a pele e também provoca alterações oftalmológicas. A especialista Heloísa Nascimento abordou as uveítes e destacou o inédito trabalho publicado sobre covid-19 na retina.
No campo da psiquiatria, o simpósio contou com os especialistas Ives Cavalcante Passos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que comentou sobre desfechos clínicos no tratamento do transtorno bipolar a partir de estudo da Universidade de Pelotas que acompanhou mais de 34 mil pessoas ao longo de muitos anos. E o médico Pedro Pan, da Unifesp, que destacou que apenas 16% da população não apresentam nenhum transtorno mental aos 45 anos e como esse tipo de transtorno tem aumentado na população mundial.
Terapia gênica em doença falciforme foi tema ainda do simpósio, abordado por Karina Tozatto Maio, da Faculdade de Medicina da USP; a aplicação do laser de alta potência para regeneração celular, pelo médico Bernardo Barros, do Hospital Universitário Gaffré e Guinle, da UniRio, e Maria Helena Rigatto, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que apresentou opções terapêuticas para multiresistência bacteriana.
Os ex-coordenador do Programa JLM, Marcello Barcinski, fez um agradecimento muito especial aos organizadores pela qualidade do simpósio e que, com certeza, segundo ele, ficará para a história da ANM. A atual coordenadora do Programa, Patrícia Rocco, compartilhou sua emoção ao observar o nível das pesquisas e reforçou a mensagem do acadêmico Schwartsmann em contribuir para que essas pesquisas avancem com fomento de agências.
Pesquisa colaborativa interdisciplinar – Com recursos e colaborações adequados, a ciência brasileira é capaz de alcançar países de primeiro mundo. Esta foi a principal mensagem da palestra do acadêmico Jerson Lima Silva, pesquisador da UFRJ e presidente da Faperj. Lima Silva relembrou exemplos de cooperação cientifica e que marcaram profundamente a biologia e a medicina. O modelo de dupla hélice do DNA, apresentado em 1953, por James Watson e Francis Crick, e que mais tarde rendeu o Nobel de Fisiologia e Medicina foi, sem dúvida, um marco da pesquisa. Jamais, porém, deve-se esquecer o papel vital da cientista Rosalind Franklin que contribuiu para a descoberta da estrutura do DNA, revolucionando toda a biologia moderna, e que, por muitos anos, ficou à margem de merecido reconhecimento.
“A ciência é feita de muita interação e, quando se fala em influência mundial da ciência brasileira na área da saúde, é possível ver uma grande oportunidade. Em termos qualitativos, podemos observar a importante participação do país na produção de conhecimento de alta qualidade. O Brasil encontra-se em patamar de grades nações como EUA, Austrália, Canadá, Itália”, disse.
O Brasil está em 11° no mundo, de acordo com dados da Web of Science e, na realidade, a ciência avança sim na quantidade, mas consegue crescer muito mais com qualidade. O acadêmico Lima Silva finalizou, deixando a mensagem: “o que a ciência brasileira precisa é de recursos para os pesquisadores. Somado a isso, estruturação – uma fórmula suficiente para alcançarmos posições mais elevadas no ranking mundial.”
Para acompanhar a íntegra da sessão, os links são: