Homenagem póstuma ao acadêmico professor Azulay

14/11/2014

Em cerimônia emocionante, a Academia Nacional de Medicina prestou homenagem póstuma, na última quinta-feira, 13 de novembro, a seu ex-presidente, o dermatologista Rubem David Azulay falecido no ano passado, época em que a instituição estava em obras e sem condições de organizar a cerimônia. Compuseram a mesa, presidida pelo presidente da ANM, professor Pietro Novellino, o acadêmico Omar Lupi; o professor Jorge Ocampo; o vice-presidente da Sociedade de Dermatologia (SBD), Gabriel Gontijo; a presidente da SBD-RJ, Ana Mósca de Cerqueira; o dermatologista Iphes Campbell, da Academia de Medicina de Brasília; e a professora Luana Azulay, filha do homenageado.

Na presença de acadêmicos, jovens médicos, estudantes de medicina e familiares do acadêmico Azulay, as homenagens se sucederam. Orador escolhido para a honraria da ANM, o acadêmico Omar Lupi, um ex-aluno de Azulay, destacou as grandes contribuições do mestre para a dermatologia, entre elas mais de 700 trabalhos, entre artigos e livros, especialmente o Compêndio de Dermatologia, “livro de cabeceira dos dermatologistas”. E finalizou: “A Dermatologia ficou mais pobre com a sua partida, a medicina um pouco mais triste sem a sua presença e nossas vidas um pouco mais frágeis sem a sua inspiração”.

A professora Luna Azulay, bastante comovida, abordou o lado humano do pai, “um exemplo de homem, mestre, amigo, pai, esposo, avô e bisavô querido”. Ana Mósca de Cerqueira, da SBD-RJ, por sua vez lembrou que Azulay “tinha sempre um sorriso no rosto” e era um exemplo de “coragem e determinação”.

Em sua fala o acadêmico Mario Barreto Correa Lima, orador oficial da ANM, falou da saudade que Azulay “sempre deixará em nossos corações”, enquanto Gabriel Gontijo, da SBD, entregou à família uma placa “em reconhecimento a este grande homem e médico”, parabenizando os acadêmicos Pietro Novellino e Omar Lupi pela homenagem prestada pela ANM a Azulay.

No final da homenagem o professor Novellino enfatizou que Azulay era “figura das mais proeminentes no País e fora dele”. E lembrou um episódio em que, ainda estudante, sem recursos, pediu ajuda ao ex-presidente da ANM Azulay para tratar de seu pai, que teve um problema dermatológico. Azulay, já um grande dermatologista, atendeu o pai de Novellino em sua clínica na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, sem cobrar a consulta. “O episódio confirma a personalidade humanística do professor Azulay”, disse Novellino. E, ainda, sobre o homenageado, parodiou Guimarães Rosa: “Pessoas como Azulay não morrem ficam encantadas”.

Pesquisador de doenças tropicais

Um dos grandes nomes da Dermatologia brasileira, Rubem David Azulay foi chefe Honorário do Instituto de Dermatologia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, professor emérito da UFRJ e UFF, professor também da Universidade Gama Filho, da Escola de Medicina da Souza Marques.

Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, Azulay chegou a ocupar a presidência da Instituição. Em 2010, foi condecorado pelo Ministro da Saúde com a Ordem do Mérito Médico. Foi ainda presidente honorário da International Society of Dermatology, membro honorário da American Association of Dermatology, da Deutsche Dermatologische Gesellschaft, Societé Française de Dermatologie et de Syphiligraphie.

Nascido em Belém do Pará em 1917, o acadêmico Azulay pertencia a uma família humilde, mas que sabia o valor da educação para emergir dessa condição. Estudante exemplar, passou no vestibular da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, na qual destacou-se como um dos melhores alunos, mesmo sem recursos para bancar o curso.

Sempre interessado pela pesquisa, e por doenças tropicais, pouco estudadas na época, o médico fez o curso do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. Começaram, então, suas grandes contribuições para a Dermatologia. Seus estudos sobre as doenças tropicais, como a hanseníase, leishmaniose e micoses são referência até hoje. Autor de mais de 700 trabalhos, boa parte publicada fora do Brasil, o acadêmico Azulay publicou “Traços de minha vida”, “Contribuições dos Judeus na Medicina” e “Dermatologia”. Durante sua carreira, contribuiu na graduação de cerca de 10 mil médicos e pós-graduou 600 dermatologistas, dos quais 18 se tornaram professores titulares em universidades no país.

O acadêmico Azulay faleceu no dia 11 de agosto de 2013, aos 96 anos. Até o seu falecimento, ocupou a cadeira 48, da Secção de Medicina e cujo patrono é Márcio Philaphiano Nery.

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