As tradicionais sessões científicas e os simpósios da Academia Nacional de Medicina (ANM), que acontecem initerruptamente há 190 anos, foram substituídas por sistema de teleconferências em 2020 e, em virtude da pandemia, os debates são exclusivos sobre coronavírus.
O uso seguro e a eficácia do uso de azitromicina, hidroxicloroquina e de corticoesteróides no tratamento de pacientes internados foi o tema do médico Luiz Henrique Rizzo, do Hospital Einstein, de São Paulo, e um dos convidados pela ANM para discutir formas de enfrentamento da pandemia pelo novo coronavírus.
Rizzo contou aos mais de 60 participantes da sessão científica virtual, no dia 26 de março de 2020, os detalhes do protocolo da Aliança contra o Coronavírus que reúne, além do Einstein, o Hospital do Coração (HCor), o Hospital Sírio-Libanês e a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet). O ensaio clínico será realizado em parceria com o Ministério da Saúde e apoio da empresa EMS. Rizzo ainda comentou sobre o uso de soro de pacientes recuperados da virose por coronavírus em pacientes em tratamento.
Saúde mental na pandemia – O conceito de tempo mudou para as pessoas ao redor do mundo. Se antes tínhamos sempre pressa, agora não sabemos o que fazer no confinamento. Assim, Antonio Egídio Nardi, membro da Academia Nacional de Medicina e professor da UFRJ, abordou o tema saúde mental em tempos de coronavírus, em sessão virtual promovida pela ANM.
Para Nardi, há outros tipos de riscos, além da contaminação pelo vírus, com o isolamento social. No confinamento, as pessoas podem desenvolver ou acentuar quadros de fobias, abusar de bebidas alcoólicas, distúrbios alimentares, desenvolver manias de limpeza e hipocondria, além da probabilidade no aumento da violência contra a mulher ou crianças.
“Para nos mantermos saudáveis mentalmente, nesse período, é muito importante termos horas de sono de qualidade – não mudarmos nosso relógio biológico; investir em uma alimentação saudável, realizar atividades lúdicas e culturais, praticar atividade física, yoga e meditação. Tudo isso pode ser feito em casa”, orientou o acadêmico.
Como a OMS enfrenta epidemias – Um dos acadêmicos convidado para a sessão virtual foi o ex-presidente da ANM, Jorge Alberto Costa e Silva. O ex-presidente falou sobre sua experiência de 20 anos na OMS. Na oportunidade abordou as possíveis consequências emocionais do isolamento social.
“Estamos aprisionados por um vírus e devemos enfrentar esse período com equilíbrio e serenidade, pois o isolamento pode e ser um terreno fértil para o aparecimento de distúrbios mentais”. Numa analogia, Costa e Silva disse que nesse momento muitos de nós nos sentimos com um pássaro dentro de uma gaiola batendo as asas nas grades. “Mas o pensamento positivo e a reflexão nos libertarão em breve,” enfatizou o ex-presidente.