24/09/2020
Dilema da relação médico/paciente em oncologia clínico-cirúrgica
Como dar um diagnóstico de câncer a um paciente e seus familiares? E quando os pacientes são crianças? Como reagir sobre prognósticos ruins? No dia 24 de setembro, a Academia Nacional de Medicina (ANM) promoveu simpósio sobre a relação médico/paciente em oncologia clínico e cirúrgica.
O Secretário Geral da ANM, o cirurgião Ricardo José Lopes da Cruz, lembrou a frase de Sir William Osler, que diz: “tão importante quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o homem que tem a doença”. O acadêmico pontuou que o afeto e a verdade devem nortear o relacionamento entre o médico e o paciente.
“Eu estou contigo e vou continuar com você”. É a afirmação que usa constantemente quando precisa dizer uma verdade dura para seus pacientes e familiares.
Negação em oncologia
Segundo o acadêmico Daniel Tabak, a negação de um diagnóstico como o câncer, por exemplo, é um mecanismo cognitivo de defesa do medo e da ansiedade. Esse mecanismo tem várias fases: a raiva, a barganha, a aceitação e a expectativa de outras possibilidades. A negação é um mecanismo de busca por alívio e não é estática, varia com as necessidades, o tempo, a gravidade e o estágio da doença. Por isso, é fundamental, segundo ele, que a relação médico-paciente seja pautada na capacidade de uma comunicação clara e afetuosa.
Outro convidado do simpósio foi o médico americano Jay Marion, professor Emérito da Escola de Medicina de Shreveport, na Louisiana. Marion trouxe reflexões sobre qual o tipo de informação que um paciente terminal deseja receber de seu médico e falou ainda de como entender quais os objetivos de pacientes terminais com relação ao seu futuro e de sua família.
O oftalmologista Rubens Belfort Neto, da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp, também palestrou durante o evento, e abordou o retinoblastoma, o câncer ocular mais comum em crianças e atinge mais de 10 milhões até 14 anos. Ele contou sobre sua experiência em como abordar a doença junto aos pais.
Coordenador e palestrante do evento, o acadêmico José de Jesus Camargo contou um pouco sobre sua experiência e refletiu que, ao longo de sua existência, o ser humano mostra uma surpreendente capacidade psicológica para se adaptar as agruras da vida. Entretanto, existem aqueles que terão mais dificuldade de se adaptar e se ajustar quando recebem um diagnóstico ruim.
– Alguns pacientes se sentem traídos pelo destino e se revoltam contra tudo e todos, inclusive Deus. O convívio com os pacientes com uma doença tão sinistra representa uma pós-graduação em humanismo e sensibilidade para o médico, enfatizou Camargo.
O Simpósio “O dilema da relação médico/paciente em oncologia clínico-cirúrgica”, promovido em setembro (24), pela Academia Nacional de Medicina, foi aberto pelo presidente Rubens Belfort Jr., e organizado ainda pelo acadêmico Rossano Fiorelli.
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PROGRAMAÇÃO |
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14h |
Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.
Acad. José de Jesus Camargo
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SIMPÓSIO: O DILEMA DA RELAÇÃO MÉDICO/PACIENTE EM
ONCOLOGIA CLÍNICO-CIRÚRGICA |
Coordenação: |
Acad. José de Jesus Camargo
Acad. Rossano Fiorelli |
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BLOCO I – ONCOLOGIA CIRÚRGICA
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14h10 |
Masc. 74 anos, tumor de cólon, com excelente chance de cura cirúrgica. Na indução anestésica faz uma parada cardíaca por problemas com a intubação. A parada foi curta e reverteu imediatamente com ventilação adequada. Que conduta adotaria? Seguiria com a cirurgia programada? Interromperia para ver se houve alguma sequela?
Acad. Raul Cutait
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14h25 |
Paciente de 55 anos com tumor de próstata com indicação cirúrgica. Como responder a esta pergunta: Dr. Qual é o risco que tenho de ficar impotente?
Acad. Fernando Vaz
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14h40 |
Paciente jovem, com câncer de parótida, tratado cirurgicamente, com indicação de terapia adjuvante. Como trataria a questão do encaminhamento? Considerando que o tempo entre o cuidado de um médico que o paciente aprendeu a gostar e o próximo que pode ser que ele venha a gostar, como você vê este hiato de desamparo e sofrimento?
Acad. Ricardo Cruz
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15h05
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Menino de 2 anos e meio, com diagnóstico de um tumor de retina (retinoblastoma). Como colocaria para os pais, as perspectivas terapêuticas?
Prof. Dr. Rubens Belfort Neto
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15h20
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Paciente de 69 anos, segue em coma depois de 4 meses de ressecção de um tumor cerebral de mau prognóstico oncológico. Família questiona se tem sentido a protelação do sofrimento. Como manejaria esta situação?
Acad. Paulo Niemeyer
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15h35
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Médico de 50 anos com tumor de pulmão operado recidiva depois de 3 anos. Fez um protocolo de quimio com resposta pobre. Equipe oncológica recomenda um tratamento de segunda linha. Como manejar a oposição do paciente?
Acad. José de Jesus Camargo
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15h50
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Debate I com a Bancada Acadêmica
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BLOCO II – ONCOLOGIA CLÍNICA
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16h10
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Negação em Oncologia
Acad. Daniel Tabak
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16h30 |
O Anúncio do Prognóstico em Oncologia
Prof. Dr. Jay Marion, MD
Professor Emeritus of Medicine Louisiana School of Medicine Shreveport – Louisiana, EUA
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17h |
Debate II com a Bancada Acadêmica
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17h30 |
Encerramento e Intervalo
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Sessão Ordinária da Academia Nacional de Medicina
XXVIII – Ano Acadêmico 191
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18h |
Abertura
Presidente da Academia Nacional de Medicina,
Acad. Rubens Belfort Jr.
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18h05 |
Comunicações da Secretaria Geral
Acad. Ricardo Cruz
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18h10 |
Comunicações dos Acadêmicos
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18h30 |
Sessão Recentes Progressos
Predicção de Transtorno Bipolar: Um Novo Sistema
Prof. Dr. Flávio Kapczinski (UFRGS e ABC)
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18h40 |
Comentários
Presidente Acad. Jorge Alberto Costa e Silva
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18h45 |
SESSÃO: SUICÍDIO NO SETEMBRO AMARELO
Coordenação: Acad. Antonio Egídio Nardi |
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18h50 |
Relator
Prof. Dr. Neury Botega (UNICAMP)
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19h10 |
Comentários
Prof. Dr. Flávio Kapczinski (UFRGS e ABC)
Prof. Dr. Alexandre Valença (UFRJ)
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19h30 |
Discussão com a Bancada Acadêmica
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20h |
Encerramento
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